quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Reta Torta, Linha Curva

Queria ser uma forma quadrada, talvez cúbico. Seria melhor ser enquadrado do que estar na margem. Não que a paisagem que as margens dos rios não impressionem, mas desse rio que passa em nossa vida, vivemos sempre na margem errada. Errático.


Marginais. Na periferia da periferia. Um acessório periférico, facilmente expelido se necessário, talvez um apêndice desnecessário. Seria melhor ser quadrado que obtuso, com ângulos improváveis que não se encaixam nesse mundo. 

Fora das linhas não tem como se ter paralelo de como é ser uma pessoa sociável (que pelos menos sirva de algo a sociedade).
O que sobra é tangenciar a vida, de suas formas obscenas de querer ditar o que se faz, como se faz e quando se faz em qualquer idade. Viver marginalizado pela própria consciência que não se adequa a forma tradicional de praguejar sobre tudo. Falta aquela satisfação de se sentir insatisfeito, virar para o lado, respirar fundo e admitir que não há solução e "tudo bem, fazer o que? Esse é nosso mundo!". 

Se pelo menos fosse um cara circular, seria até mais condizente. Viveria em ciclos, que apesar de tudo, faria algum sentido para ele mesmo que incipiente. Ah, se fosse tão certo e exato quanto seria quadrado. Dentro de todas as expectativas e dentro de todos os planos, tudo estaria engendrado

Tudo deveria ser plano e sem obstáculo. Mas foi em linhas tortas que fora criado. Certeza é apenas de estar errado. As linhas ilógicas fazem curvas não-lineares, quebrando todo o sentido da mesma, não criando nenhum vinculo. Quebrando a realidade em que tenta se basear a vida. Toda reta torta, toda linha curva, todo errado e com a vida retorcida.
 

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