segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Pílula para dormir, pílula para acordar.

 

Pílula para dormir, pílula para acordar.
A hora de dormir já passou. A hora de acordar sempre é adiada.
É um suplício eterno manter esse ciclo.
Cápsulas de alegria, tragadas para elevar a dependência na dopamina.

Montanha-russa de emoções, mais necessidades a cada curva.
Uma pílula para dormir, outra pílula para acordar.
A hora de dormir nunca chega, e a hora de acordar é um sacrifício.
Cápsula de energia, tragadas para dopar a vida.

Vive a intensidade do hoje com enorme amor ao tédio.
Uma tragada de fumaça para ir direto aos brônquios.
Uma dose única do melhor álcool para elevar o espírito.
Qualquer coisa que faça sair da realidade.

Roleta-russa de emoções, com um número de sorte no tambor.
Nem o CO do ar, consegue fazer parar essa respiração pertinente.
A pílula que se tem para dormir, não funciona mais; tampouco a pílula para acordar.
Veneno antimonotonia não sai fácil da semente. É preciso espremer tudo que não é necessário.

Pílula para dormir, pílula para acordar.
Nunca quer dormir; não se contenta em acordar.
Cápsulas de alegria, tragadas para elevar a dependência na dopamina.
Um dia quiçá, o sonho seja tão bom quanto será eterno?

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Seu Nada e o complexo da vida e morte.



Seu nada, a algum tempo atrás se percebeu morto. Seu corpo era vivo, mas aquele símbolo dos românticos que outrora se atribuía os sentimentos, agora se restringia apenas a bombear sangue venoso e arterial. Sentia-se morto com o corpo ambulante, aproveitando toda a ficção em torno dos zumbis e sua fome por cérebro, na verdade, não buscava um cérebro, e sim, uma alma com pouco mais de paixão.

Até pouco tempo atrás, Seu Nada se percebeu vivo! Quem diria, um ser consciente, vivente e respirante. Percebeu não ser a pessoa mais inteligente da terra, tampouco a mais burra, talvez um pouco estranha, mas ainda percebeu que era consciente de sua existência, e de tudo que acontecia ao seu redor como um notável desconhecido testemunha da história, sem ter como interferir em acontecimentos além de suas capacidades.

Seu Nada apenas percebe seus passos, seus erros, sua vida e se indaga de como veio a existir nesse caos. Questiona como tantos vivem nesse caos de forma um tanto harmônica, achando belo aquilo que a sua cultura impõe como belo, se alimentado daquilo que sua cultura lhe diz ser bom e saudável para consumir, vivendo da mesma forma vazia e cheia de coisas para se fazer como sua cultura diz como tem que ser.

Reza para todos os deuses que sua cultura diz que nos criaram, e perto do fim, percebe que os placebos não funcionam mais, os remédios são tão úteis como se fossem feitos de farinha de trigo. Os placebos não funcionam mais e o Seu Nada, se vê vivo e morto em seus pensamentos e memórias em meio a um turbilhão de acontecimentos caóticos que se seguem em sua frente e quando ele se pergunta: Quão complexo é o fim?