sábado, 23 de abril de 2016

Lembrei De Quando Éramos Mais Jovens

Lembrei de quando éramos mais jovens, 
A inocência sobre o mundo predominava, 
Havia tanta certeza que o amor parecia ser suficiente, 
Sentíamos que vivíamos nas nuvens, 
A malícia era tão pouca que nem se notava, 

Éramos mais jovens e o futuro parecia tão consistente, 
Lembrei das músicas da Legião que pareciam nossos momentos, 
Os sacrifícios pareciam fazer sentido, pelos sonhos que queríamos ter vividos, Intimamente guardávamos nossas inseguranças e medos, 

Até que um dia, meus erros trouxeram tristezas e lamentos, 
A confiança foi quebrada e vidas futuras foram alteradas, 
O destino nos uniu e nos separou outras vezes, 
Houve tanta dor e tantas sequelas em nossas vidas, 
E nos reencontros imaginávamos que seriamos felizes, 

Lembrei quando éramos mais jovens, 
Quando dizíamos "Eu te amo" de formas tão ingênuas mas tão sinceras, 
Não imaginávamos que seríamos no futuro, apenas personagens, 
De histórias sobre amores perdidos traduzidos em metáforas.



sexta-feira, 22 de abril de 2016

Pílulas Para Tragar

Há pilulas para tragar a dor, outras para dormir.
Pilulas para não se esquecer.
Pilulas que fazem chorar ou sorrir.
Pílulas que te fazem emagrecer.


Há pílulas que são placebos, feitas de farinha e ar.
Outras que são feitas de um milhão de partes de um grama (e juram funcionar).
Cápsulas contra a tristeza para tomar em frente ao mar.
Mentiras em pequenas porções para poder viver com quem ama (sem ter que magoar).

Pilulas que são entorpecentes. Necessárias como água e sal.
Pilulas que te fazem engolir e entender como tudo é tão mal.
Basta relaxar, inspirar, respirar e tragar a solidão.
Cada pedaço de preocupação se vai por milímetro da porção.

Basta ter a receita. Prescrever a solução em metas inalcançáveis.
Se sentir saudável em um mundo extremamente doente.
Para toda a desolação há algo para satisfazer as dores indelegáveis.
Em cada suspiro, uma dose de veneno antimonotonia escondido atrás dos dente.



segunda-feira, 18 de abril de 2016

Entre Todos "Eus"


Da sabedoria dos tupinambás e talvez dos seus erros. 
Da força de nações de tribos Africanas que perderam seus nomes, liberdades e identidades. 
Do genocídio que se arrasta até os dias de hoje, de nações de nativos que se tornam apenas "índios". 
Não sei mais o que me compõe. Das mãos lusitanas que trucidavam e chicoteavam. As mãos que enforcavam e atiravam. E talvez, do odisseia recontada de Camões. 

A influência dúbia de um racista que tinha poesia em diversas personalidades como Pessoa. Ou a crítica sobre a cultura, política e religião que só um José poderia fazer, ensaiando uma cegueira e se duplicando. 

Do apelo à filosofia Ubuntu, dos bantos e sudaneses, nada foi praticado. Só ouviu-se os tiros nos Quilombos, onde Dandara ali estava. Sentiu-se o açoite nas costas de um certo marinheiro, João,que havia candidamente acreditado no respeito ao ser humano. 

Tiajaru, não fora nascido de Iracema, mas conheceu a dor como Moacir. Tivesse coragem como Peri, mas que ao contrário do herói, viveu para sofrer os horrores da mestiçagem forçada por gerações de violência. 

E aqui me encontro, com DNA mesclado entre vítimas e algozes. E essa ânsia de saber do que é feita essa existência, de saber de onde vem o vazio que nos preenche, talvez seja fruto dessa miscigenação não-harmoniosa, entre prisioneiros e carrascos, mártires e Calabares. 

Deste lirismo que atravessou os mares e se encontrou perdido aqui. 

"...Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser,.." 

"Eu sei que não sou nada e que talvez nunca tenha tudo. 
Aparte isso, eu tenho em mim todos os sonhos do mundo." 

"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa somos nós". 

Entre tantos "eu" e tantos "eles", continuo a me perguntar onde termino e onde começo, para saber do rumo dessa resenha homérica interna que sempre tenho comigo mesmo.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Estranho

Estranhos prazeres que se encontram perdidos no mundo (perdido!). Gente estranha que não reconhece um outro ser estranho.
Estranheza que causa tamanha diferenciação e pobreza no trato. 

Estranho é esse paraíso decorado para os bons e puros. O inferno, apesar do calor escaldante, parece ser mais interessante aqueles acostumados as imperfeições e sequelas da alma.

Estranho, esperar recompensa divina, e por isso, sentir satisfeito e só assim considerada "gente de bem". Bem estranho ser "de bem", como hoje são e sempre foram. 

Estranho quando pedem amor e poesia, rima e beleza em métrica alexandrinas, mas só encontro tristeza e solidão em prosa mal-feita. Não importa a multidão de um trem lotado ou de um peito vazio de sentido. 

Algumas árvores dão frutos estranhos, que pingam sangue como o suco de uma fruta madura prestes a apodrecer. Cortar as ligações perenes e superficiais. Mundo de trambiques e patifarias. 

Onde existem diversos reis e senhores da verdade. Não causa estranheza a ninguém que não pensa em outrem como pensa em si. 

Estranhos corações gelados e mentes quentes como o inferno. Tenho andando estranho, mas por pensar assim, pensa-se que algum dia não o esteve. 
Estranho como deve ser.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

A/C De Qualquer Anônimo

Se um dia me perguntarem: “Para quem escreve?". A resposta vai soar vazia. O silêncio ecoará (poético não?!). 
Mas a verdade (se é que existe) é para esse "eu" futuro. E provavelmente, algum anônimo perdido na net.
Não precisa apreciar os erros e a escrita confusa. Não há propósito maior. 
Não há respostas aqui. Só um palhaço pedindo platéia. 

Só vai sair escrevendo continuamente, porque a cabeça não para. Mesmo colada no pescoço, ela viaja e agoniza com as distâncias.- "Por quê? Como? Onde? Será? Tem certeza?". 
A vida desse que vos escreve (provavelmente para ninguém) é recheada de questões que não cabem respostas. Inquieto, se torna um inquilino dessas perguntas sem respostas. Vive ali, no meio da bagunça e da sujeira que deixaram nesse antro.

Não é lugar seguro para crianças e pessoas de coração puro. Há muita amargura. Existe muito duplipensar, em eternos paradoxos vivos. Hipocrisia é como café, um pouco por dia para manter acordado (e vivo). A cama parece ser muito atraente para todos os dias de frio ou de tristeza em dose cavalar. Nada que pílulas que mexam na química das sinapses não resolvam. 

Após ter escrito várias palavras e algumas sentenças de forma dúbia até o momento, percebeu, será que esse texto tem algum sentido? Se alguém lê nesse momento, é possível que não ache sentido algum. A ideia essencial é continuar escrevendo até não poder pensar mais em coisas diferentes. 

Não adiantar ocupar a mente com coisas genéricas, pois ela é rebelde e não aceita ordens tão bem. Difícil de imaginar uma cabeça menos caótica e sem sentido. Fizeram por encomenda para esse que vos escreve. E eu, que no futuro me leio (ou não), devo me surpreender com o nível de anormalidade e de erros de português que emana desse texto. E que representa o meu eu presente. Eu, que sou (estou) agora, mando um recado para o eu, que (serei) estou no futuro e talvez não leia o que estou escrevendo agora. 

Só de pensar, qual a lógica então de escrever? Deve ser a mesma que segue o restante da vida...Sem sentido e contínua até o ponto final.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Sobre Formigas


"Existem formigas que nascem operárias. Existem formigas que nascem para voar. Existem formigas que nascem rainhas. E se a operária quiser voar ou ser rainha?" 



Pensamento sobre o determinismo e vocação se perde em outros pensamentos que massacram a mente. Milhões de vezes por segundo. Como um enxame de abelhas. E elas também vivem com suas hierarquias desde o nascimento. As operárias, as guardiãs e as rainhas. Dizem até, que se extintas, morreria a vegetação e com ela a humanidade. Por causa da flor. Linda flor. Com seu cheiro e seu pólen. Sem elas, tudo acabaria. Parece que testam aos poucos e de diferentes modos, a extinção ou pelo menos, procuram uma existência mais automática. 

Sem stress. Tudo está escrito em livros. As soluções são manufaturadas e comerciáveis. Tudo pronto em 3 minutos, como miojo. Mas só de pensar nesse determinismo genético, chego a matutar sobre essa escravatura que se arrastou por tantos séculos. Mudou de mãos o chicote. Mas a ideia é da supremacia e do regozijo sobre os outros é o que se manteve. 

"Somos nós contra eles. E eles são a maioria". Deveriam pensar dessa forma, e como foi feito o sistema meritocrático que vivemos. Sistema quase estamental, de castas confusas de cafuzos e mestiços. 
"O pagamento pelo bom trabalho é o pão que te alimenta". Como posso viver só de carboidratos? E o sangue de Cristo serve para alimentar a mente com alegria ébria? 

O vinho para isso não é mais útil que o copo de pinga no bar ao raiar do dia. 
Diluir a alegria em alambiques e distribuir entre outros venenos. 
Pode-se consumir veneno, o que mata é a dose certa. 

"Basta querer sonhar e trabalhar para conseguir". Ah, esses ideais lindos e inocentes. Imaculados até na perdição. Como não enxergam o abismo a frente de cada passo? Como não ousam em pular desse penhasco? O monstro que encontram em si quando olham para o fim do túnel. 

Vejo as presas do monstro remoendo minhas vísceras, para quem brincou de ser Prometeu. 
Não adianta dar as chamas aos macacos, eles vão morrer queimados (alguém diria, para alertar o pobre diabo). 
Mas não, jogaram o fogo aos homens e tudo foi perdido. Estão em chamas até hoje. O trabalho do homem é ser um pouco de Nero. Colocar fogo na cidade sempre que possível. É para dar trabalho aos bombeiros, esses heróis incansáveis do proletariado triste e bucólico. 

Se existisse um bombeiro na época de Prometeu, evitaríamos toda essa bagunça. O estado quase autômato da vida. Sistemas inflexíveis que criam outros sistemas inflexíveis no mundo virtual que a humanidade acha real. Seus valores, seu dinheiro, seu Deus. 

Tudo faz parte de conceitos e crenças. Ah, e o que falar da rebeldia de outrora? Crença em mudanças. A rebeldia se esvai com os ideais e o que sobra? 
Restos mortais que se negam a apodrecer. Estar pútrido em vida. Antes fosse um zumbi sem alma, sem mente, perambulando para devorar cérebros. Sem se importar com o conteúdo dos mesmos, pois se fizesse questão, morreria (novamente) de inanição! 

Em determinado momento de divagações sobre determinismos genéticos, hierarquia sistemáticas, estamentos, civilização, fogo, trabalho (Zumbis) e ideais... O propósito principal e motriz do raciocínio, se evade. 

Só falta se evadir a insistência em tentar raciocinar e andar em círculos com divagações tolas e sem propósito. Nada como o tédio e um sentimento de amargura sem sentido para prover textos sem mais sentido ainda.

domingo, 3 de abril de 2016

Quero Gritar Um Grito Desumano

"Quero gritar um grito desumano, que é uma maneira de ser escutado..."


Quero acordar a vizinhança com um grito hediondo para nunca mais ser esquecido, 
Estourar os pulmões e as pregas vocais, com o meu mais intenso sofrimento vocalizado, 

Pode ser apenas uma frescura qualquer, essa falta de razão do que fazer, 
Mas tenho medo do silêncio que maltrata meu ser, 

E por vezes adoro o silêncio com uma satisfação singular, 
Fujo das aglomerações e festas; Sofro na solidão que me acolhe, 
Saio de mim para tentar me encontrar;
Volto para mim tentando me achar, Em um emaranhado de vozes, a loucura me escolhe,

Divago com narrativas e discussões imaginárias; Seria isso prenúncio da insanidade? 
Ou é desespero que tentar criar saídas dessa humanidade?

Agradeço o silêncio ao mesmo tempo em que o desprezo; Luto pela solidão e por estar entre semelhantes, 
Porque tem que ser assim de forma estranha? 
Um em vários, em formas tão conflitantes? 

Por vezes acaba sendo tantos e não sendo nenhum; Peço ajuda a imaginários esperando que rompam a realidade, 
Tantos gritos mudos foram lançados ao vento; Para no fim me negar ajuda por pura vaidade.

Flores de Nagasaki

Resiliência. Precisa lembrar que até do asfalto rompe o girassol, inquieto e desafiando a probabilidade de existência.


Precisa se lembrar daquela maldita flor. As gramas cresceram em Nagasaki. 
As árvores e seus ramos ressurgiram. A destruição não foi esquecida, mas não se morre continuamente pelos pecados do passado. 

O que pode servir de acalanto para almas tortuosas é que as flores de Nagasaki, que testemunharam a aberração do nascimento errático de crianças cegas, sobrevivem. 

Essa flor inválida, hepática, sem amor, testemunhou tudo! O mais alto grau da degradação e está ali, viva (quase morta), inexplicavelmente mostrando que nesse solo contaminado de anti-vida, das cinzas das mulheres que ali viveram, ela surge rompendo do chão onde haveria um enorme lixão tóxico; 

Ela vence a si e a impossibilidade de existir. Se essa flor, mesmo que sem cor e cheiro, sobrevive; então o que há de ser pior que não se possa sobreviver? Da tristeza que abate, da força que se perde e de todo ataque que fora sofrido, aqui estamos.


Me Perder


Desculpe a redundância, mas tenho que me perder em mim, para não me perder de vez, 
Encher a cabeça de tudo que puder pra não perceber o vazio se impondo. 

Tenho que fugir de mim mesmo, para não fugir na insensatez, 
Pensar em tudo que me prenda em mim, na vida, no mundo.

Encher a cabeça de tudo que puder, todo anestésico que houver.
Tenho que me achar, lamentando toda essa penúria de sempre me vem foder.

Intrépido Fustigado

Intrépido. Impávido. 
Fadigado. Perplexado. 
São vários estados e motivações. 
Carrossel ou montanha-russa de emoções? 

Contínuo nas incertezas e deveres. Pagando para viver até o ar que tem para respirar. 
Carregando fustigado, o peso que se aloja sobre a carne; é o que mais faz transpirar. 

Conflito dentro de mim, sem nenhum conforto. 
Devo ser péssima companhia, pois na solidão não me suporto.
Perco e ganho todas as discussões. Erro sem saber. 
Diálogos internos constroem fantásticas histórias que ninguém lê. Acerto sem querer. 

Há tanto para se falar, imaginando conversação, 
Mas nem a consciência aguenta mais tanta divagação. 
Fragmentado pelos espaços. O sorriso não perdura.
Colados e reagrupados pela tristeza que a distância amargura.

A Espera do Cataclisma

Espero o tornado, a avalanche, o terremoto, a morte em sua cavalgada. 
Espero o fim de tudo, do mundo, do mês, do fim de semana, da hora e do tédio da vida. 

Espero qualquer cataclismo, espero o fim de vez, 
Espero impacientemente por qualquer coisa que me tire dessa situação sofrida. 
Não há solução ou compaixão. 
Em cena não há herói ou vilão. 

Só peças e a predisposição de ser usado em estratagemas do destino como um bom peão. 
Os reis estão mortos, não tem ninguém que salve esse reino da decepção.

Lágrimas são apenas lágrimas sem suas conotações e valem menos que o suor do rosto que escorre com diversas convicções. 
Complexo de Mumm-Rá e o auto-desprezo que destrói, e isso é o que por dentro o que mais corrói. É tanta preocupação em ter, que se entristece em perceber o vazio dentro deste ser.

Triste Pagliacci



Calada da noite, a solidão grita no silêncio ensurdecedor.
Incomoda mais que a fome, daquelas que devora por dentro.
Não há alma viva para conversar, nem a própria. Nem almas mortas. 
O sono chega para incomodar, mas a teimosia vence o cansaço da mente e do corpo. 

Teimosia, que não chega a ser uma qualidade ou defeito. Apenas é. Está!
Pensamentos servem para dispor de reflexões inúteis e divagações embaraçosas.

O apelo a ouvidos que não querem ouvir entre bocas que não querem falar, resulta em um papel de palhaço, cínico e dependente de atenção. Triste palhaço. 

Daqueles que nem precisam de maquiagem. Ah, é o medo que conspira contra teu sono? Ou ansiedade pelo futuro incerto? É difícil responder se está com medo ou ansioso, quando é possível estar tendo ataques histéricos que ninguém quer ver ou ouvir. A loucura tem que ser padronizada, senão não tem expectador ou platéia. 

A dor tem que ser representada, senão não tem poema e lírica. Pode se lamentar, pega um papel e caneta e começa a chorar palavras para ver se cala a boca da alma angustiada. 

Escreve como se fosse acabar a tinta da caneta. Rabisca como se não houvesse mais papel. Escrever como se a vida dependesse disso. De letras e sentidos. Não há sentido. Não há leitura. 

É só o desabafo do eu presente para o eu futuro (e qual futuro será?). Quando acabar o espetáculo, desce o pano, mas não há uma salva de palmas. Não há pedido de "Bis". 
Só o silêncio constrangedor que incomoda o vazio. 
Perfura a barriga desse vazio como uma bala. Missão cumprida, mais um palhaço escrevendo o que provavelmente não será lido: "Alô, tem alguém aí?". 

É mais uma pergunta retórica, pseudo-intelectual dita par si mesmo em um período futuro. 
E a resposta será - "Depende, mas é melhor que não tenha"- Deixa a solidão gritar esse grito mudo. Incomodar o silêncio da noite com o vazio que espanta.
Deixa-a dominar o teu lugar, teu sono, tuas lágrimas. Deixa, vai que ela te deixe em paz...