segunda-feira, 18 de abril de 2016

Entre Todos "Eus"


Da sabedoria dos tupinambás e talvez dos seus erros. 
Da força de nações de tribos Africanas que perderam seus nomes, liberdades e identidades. 
Do genocídio que se arrasta até os dias de hoje, de nações de nativos que se tornam apenas "índios". 
Não sei mais o que me compõe. Das mãos lusitanas que trucidavam e chicoteavam. As mãos que enforcavam e atiravam. E talvez, do odisseia recontada de Camões. 

A influência dúbia de um racista que tinha poesia em diversas personalidades como Pessoa. Ou a crítica sobre a cultura, política e religião que só um José poderia fazer, ensaiando uma cegueira e se duplicando. 

Do apelo à filosofia Ubuntu, dos bantos e sudaneses, nada foi praticado. Só ouviu-se os tiros nos Quilombos, onde Dandara ali estava. Sentiu-se o açoite nas costas de um certo marinheiro, João,que havia candidamente acreditado no respeito ao ser humano. 

Tiajaru, não fora nascido de Iracema, mas conheceu a dor como Moacir. Tivesse coragem como Peri, mas que ao contrário do herói, viveu para sofrer os horrores da mestiçagem forçada por gerações de violência. 

E aqui me encontro, com DNA mesclado entre vítimas e algozes. E essa ânsia de saber do que é feita essa existência, de saber de onde vem o vazio que nos preenche, talvez seja fruto dessa miscigenação não-harmoniosa, entre prisioneiros e carrascos, mártires e Calabares. 

Deste lirismo que atravessou os mares e se encontrou perdido aqui. 

"...Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser,.." 

"Eu sei que não sou nada e que talvez nunca tenha tudo. 
Aparte isso, eu tenho em mim todos os sonhos do mundo." 

"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa somos nós". 

Entre tantos "eu" e tantos "eles", continuo a me perguntar onde termino e onde começo, para saber do rumo dessa resenha homérica interna que sempre tenho comigo mesmo.

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