domingo, 27 de janeiro de 2013

Senhor Instável



Vivendo sobre uma corda bamba, o senhor Instável precisa de drogas para se sentir vivo. O mundo é um lugar obsceno no qual as pessoas perdem sua beleza natural e sua inocência para os acontecimentos do cotidiano e o sr. Instável parece não gostar daqui. Anda sobre uma corda bamba, no qual cair, significa um tornado de emoções sem fim.

Os dias se desdobram na necessidade de estar drogado, o seu sangue puro, sem nenhum tipo de droga, não suporta a realidade em que vive.
O senhor Instável precisa descobrir uma forma de viver sem a necessidade de entorpecentes, e se sentir vazio e preenchido ao mesmo tempo.

Senhor Instável é assim, mas não aparenta a seus amigos e familiares, pois se tivesse uma muleta seria mais claro para eles o tipo de deficiência que carrega. Não é algo físico, (ou é mais do que gostaria) e com certeza é algo que está além da compreensão desses pobres diabos.

Um dia sim, e outro não. Talvez uma semana sim e outra não...é assim que anda com seus passos incertos, o senhor Instável vive com suas incertezas e sua dependência. Até quando o senhor Instável aguentará, é uma pergunta que ele se repete inúmeras vezes. Não há muito tempo para pensar, pois exigem do senhor Instável, que ele seja o modelo de cidadão pré-moldado que a sociedade anseia que deva ser, e isso faz dele mais dependente do que o normal de sua droga, que mais serve como coleira do que amenizador para a dor.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Escuridão Que Nos Ilumina



Antes havia só a escuridão, a luz negra que rompia a imensidão. Pois então veio a inspiração, contorceu todo o sonho e veio como luz percorrendo a ignorância como nunca houvera feito antes.
(As risadas que eram dadas aos amigos e famílias, não eram as suas risadas, eram para eles, eram para o público, eram risadas alheias).
Quando tudo era escuridão, o vazio se tornava mestre de tudo. De repente, veio o pensamento e desconstruiu tudo que pré-existia e criou-se o que era imaginado, jogando o vazio para debaixo do tapete.

Da terra ao firmamento, agora, podemos ver o que se torna realidade. Conceitos são abrangidos, mundos são criados, as formas se nominam. Com pequenas palavras criamos universos e no papel branco a nossa frente, desenvolvemos vidas e espaço com caneta e pensamentos.
(Em alguns momentos a escuridão se torna em volta. Destrói o universo que geralmente se vê criando aos olhos vivos)

Em algum momento perto do que é presente, a idéia se perdeu e a razão se omitiu. A forma não se define mais, e a imaginação tem novas barreiras. Tornamo-nos escravos de nós mesmos, reféns de nossas idéias, arautos dos limites auto-impostos. Somos parte da escuridão que nos assombra, que nos impressiona e que por fim nos ilumina, em sua inspiração vazia.


Açoite do Relógio


De onde vem à inspiração para levantar e engolir o açoite do relógio? Os olhos desconfiados, a forma de sentir e viver somando todos os velhos conceitos e trocar todo seu tempo pelos prazeres que parecem durar a eternidade de alguns minutos. De onde vem toda a forma de enganação que admitimos acreditar como sendo incontestável e necessário para o dia seguinte? 

O compasso é rápido, e a impressão de ser realmente necessário correr mais rápido que o vento e ser servil como mais um cão da matilha está implícita.
Correr para não perder tempo, comer perto para não se atrasar com o percurso, olhar preocupado com o tempo perdido que não foi contabilizado.

O tempo escoe mais rápido do que se muda de opinião. A necessidade de se trocar a vida pelos vícios vendidos é o que motiva as ideologias modernas, de todos aqueles tementes do poderoso ser onisciente e que não são assombrados com a falta de percepção da real necessidade da respiração e aspiração.
Ser para ter, entre o tempo gravado no cartão perfurado, do olhar vigilante da chefia que aceita ordens de um bom fidalgo em seu iate.

Ter para sentir, algo que parece um pouco com esperança, algo que parece um tanto com alegria, algo que deve ser confundido com satisfação. O sorriso na cara é só para enganar a tristeza, porque a verdadeira graça ainda não foi encontrada.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A herança da casa-grande.

Não costumo colocar artigos no meu blog, mas como esse editorial do Mino Carta traduz em muito o que penso, posto integralmente!


"Não quero que os ricos chorem, dizia o líder do PSD sueco, Olof Palme, quero é que os pobres riam. Palme, social-democrata autêntico, foi primeiro-ministro e crente denodado da igualdade social. Sublinho autêntico para que não seja confundido com nossos social-democratas de fancaria.
Palme, assassinado por um demente, é um herói de outro tempo, quando a religião do deus mercado ainda não vingara, dois impérios dividiam a terra e as esquerdas da Europa Ocidental contribuíam de forma determinante para o progresso dos seus povos. Não existiam oligarquias financeiras para mandar mais que os governos nacionais e anátemas eram lançados contra o chamado “capitalismo selvagem”.
Atenção! Embora pareça, esta cena não é dos dias de hoje
Atenção! Embora pareça, esta cena não é dos dias de hoje
É do conhecimento até do mundo mineral que a crise dos dias de hoje foi deflagrada pela aplicação dos mandamentos neoliberais, que ela não poupa o Brasil e que os remédios aviados até agora pelos governos do ex-Primeiro Mundo mostram-se incapazes de combater a origem do mal. Quando não cuidam, abertamente, de proteger quem provocou o desastre, e mesmo de fortalecer-lhe o poder.
Vivemos o tempo dos super-ricos e dos superpobres. A diferença entre uns e outros tornou-se voragem infinda, abismo sem fundo. O Brasil também conta com seus super-ricos, arrolados nas listas anualmente propostas ao espanto global. Esta privilegiadíssima tigrada dispõe de fortunas calculáveis em bilhões e não é fácil entender como se deu esta frenética, desenfreada multiplicação de dinheiro, enquanto bilhões de seres humanos morrem de fome.
Sem pretender parafrasear Olof Palme, eu diria que os super-ricos me incomodam muito menos do que os aspirantes a super-ricos. Medram no Brasil, em diversos patamares da escada social, burgueses e burguesotes de diversos calibres. Classes A e B1, digamos, sem excluir de pronto os anseios recônditos de inúmeros remediados. Pergunto: que ricões, ricos, riquinhos e sonhadores de riqueza são estes?
Algo é certo: não se trata dos burgueses que fizeram a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Do meu modesto ponto de vista, anoto que classe média tem um significado no Brasil e outro em diversos cantos do globo. Claro, existem parâmetros econômicos para medições precisas, embora pareça dilatada demais a separação entre limites mínimo e máximo fixados no Brasil para figurar na categoria.
Coube à burguesia acabar com as monarquias por direito divino e selar de certa forma, e de vez, o fim da antiguidade medieval. A classe média europeia é uma larga maioria que incorporou e alargou os horizontes burgueses, em termos de cultura no sentido mais amplo. Nada disso se aplica ao Brasil, onde a casa-grande e a senzala, ou se quiserem, os sobrados e os mocambos, continuam de pé, ao sabor de uma aparente contemporaneidade que não lhes abranda os efeitos.
A ostentação do luxo é típica de uma herança resistente na ausência de saber e verdadeiro refinamento, dramaticamente compensados por atitudes toscas e mesmo vulgares. Há exceções, mas não passam disto. Não é por acaso que o Brasil conta com um exército de mais de 7 milhões de empregados domésticos. Recorde mundial estabelecido quando há décadas este gênero de serviçal é cada vez mais raro nos países democraticamente evoluídos. E nem se fale de manobristas, passeadores de cachorros, babás. E assim por diante.
E que dizer da segurança privada, dos soturnos senhores de terno escuro e gravata, escalados para a proteção de patrões em trajes esporte fino, eventualmente de bermudas? Há, mundo afora, senhores graúdos que não dispensam guarda-costas, capangas, jagunços. Não é simples distinguir, porém, quem manda de quem obedece, e este não se perfila à porta de prédios e mansões, de lojas de comércio retumbante ou de restaurantes hoje habilitados a figurar entre os mais caros do planeta.
Sim, o país do futuro é estranhamente obsoleto e continua a pagar caro por três séculos e meio de escravidão."


http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-heranca-da-casa-grande/#.UPmYMMiK2nI.blogger

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Adorável e Horripilante.



Um País maravilhoso e horripilante ao mesmo tempo. Pessoas amáveis e inescrupulosas. “Jeitinho” e solidariedade. Quem ganha essa batalha injusta? O abismo social e suas diferenças estão enraizados no ideológico dos que moram no país, a ponto de mesmo sofrendo dos males que acontecem, é capaz de defender esses males (não pra si, mas outrem, e algumas vezes até para si mesmo, como sinal de recompensa divina ou martírio qualquer)! 

O sentimento que flui pelos axônios e pelos neurônios é de indiferença que surta com resquícios de amor ao próximo. Para quem acredita ou não no fim do mundo, apenas abra os olhos e perceba que a humanidade morreu faz séculos como conceito, e aqueles que se tornaram sobreviventes com esse conceito em mente, estão sofrendo moribundos! 

O maniqueísmo vive no imaginário popular que acredita em anjos e demônios, em pessoas completamente ruins ou quase santas. A dualidade de emoções entra em conflito com o ego. O ego cisma com a realidade encontrando desvios para o que é; os sonhos e idealizações surreais se tornam a janela para fora de si, para fora de tudo que se sabe e se vive. O paradoxo ideológico está por ai, contaminado pelas redes de Tv e jornais sensacionalistas. Pobre de direita e rico de esquerda se digladiam em redes sociais, em uma revolução comoda sentado no sofá, pois a mudança é conceitual e tudo mudará como passe de mágica.

Em algum ponto o ser não mais se satisfaz, apesar de tudo que absorve, de tudo que obtém nada mais o satisfaz, pois a necessidade de algo novo se torna constante. Os bens materiais nunca bastam, pois sempre há mais a conquistar. Sempre existe um algo a mais que o impulsiona, auxiliado pela fé de que algo existencialmente faça sentido de acordo com o funcionamento semi-racional dos seus pensamentos.  A essência segue viva e inconstante no meio de todos, convivendo com uma ideologia contraditória que só tem sentido no âmago de suas pretensões.