terça-feira, 29 de novembro de 2011

Parte leão. (enquanto você dormia)

Enquanto você dormia, o mundo acordou e se transformou. Pequenas revoluções explodiram nos frontes que você não explorou.
Enquanto seus olhos estavam fechados, a roda-viva girou e trouxe novas ideias aos cachorros velhos no meio da sala com seus rostos cansados.

A forma parece a mesma, a ideia parece igual, mas você não estava vendo quando tudo mudou.(nem tudo)
Enquanto você dormia os gigantes acordaram. As ondas encharcaram toda a praia e lhe mostrando o precipício do começo ao fundo.
Sua parte leão encontra-se domada. O reinado na selva é apenas de faixada. Sua parte selvagem foi domesticada, enquanto você dormia, ela foi sedada.

Sua parte leão, grande rei da selva está domada, em frente a TV esperando o dia acabar. Dormindo esperando o sonho findar.
Enquanto você dormia, os sonhos não se tornaram realidade, a coragem de leão foi ferida e a impetuosidade foi aposentada.

Os valores e as ações sempre se mostraram invertidas, e os bons sobrevivem mal, para que os maus vivam bem, apoiados por leis e intenções malditas.
Sua parte leão foi sedada e consentia com tudo que mudou enquanto você dormia .

sábado, 26 de novembro de 2011

Nosso Conforto.



Carro, casa, conforto. Queremos sempre mais. Esquecemos o minimo. O ar que respiramos só é lembrado quando esse falha ao inflar os pulmões. A água que sacia a nossa sede, só é sentida sua falta quando a torneira não jorra. (Ou quando se corre uma maratona)

Os valores mudam com a demanda, lógica irrefutável criado pelo homem em épocas recentes. Como ainda existe muito a que brindar com esse copo de água, e ainda tem sombra sobre sua casa, (que estes monstros verdes proporcionam) não tem porque se alarmar. O ar que não se vê, não foi tombado como "patrimônio da humanidade".

O ouro vale mais que água potável. Construir barragens e destruir áreas verdes é interessante para manter nossa geladeira ligada (em caso de apagão!), nossos valores mudam de acordo com as necessidades, e nossas necessidades mudam constantemente em nome da arrogância e do desdém.
O egocentrismo se tornou o eixo não só do mundo, mas do sistema solar. Copérnico ficaria triste depois de quase 600 anos.

A chuva ácida que corroí a pintura estilosa do carro incomoda, não tanto quanto o equilíbrio natural que esta sendo violentado. Se não respeitam nem mesmo o próximo, porque respeitariam o ambiente em comum? (com exceção, no caso de que algo possa a vir a afetar diretamente)

O exemplo e a forma de aprendizado dizem que devemos trabalhar até o fim da vida, para o nosso sustento. Quem tiver posses deve trabalhar para aumentar seu patrimônio, e caso consiga sucesso nessa empreitada, terá tido sucesso na vida e foi recompensado pelo ser divino por suas ações.

A maior parte vive sem saber bem "para que" e "porque", e dessa parte muitos nem mesmo se importam em querer saber. Que seja, mas que pelo menos não destruam uma natureza que existiu antes de todos e irá perdurar após nossa "passagem".

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Mais um velho.


Vivemos uma metamorfose sem fim. Da infância a vida adulta se passou anos de detalhes. A cada geração, uma transformação.
A juventude de outrora se parece pouco com a atual. Não se pode afirmar ser uma evolução, mas uma certeza de "modificação".

Todos os traumas contados de trás para frente, mostrando o monstro que se criou. Os anos se passam e aquele adolescente já se tornou um velho, um ancião. O que se espera dele? E o que ele espera de si? Essa constante transformação...Gerações que mudam de nome (“coca-cola”, “caras-pintadas”, “Y”, “canguru”?), conceitos que se mudam aos poucos e transformando a idéia do que era exato em algo dúbio, aparentemente sem razão.

O sentido da responsabilidade se faz necessário. Os anos mostram as rugas e as dificuldades que crescem e se transformam em seu corpo. O sentimento de não estar tão novo, e "o que fazer agora?", segue constante no seu imaginário. Os velhos desígnios que torturavam o consciente coletivo (serei, eu, um perdedor?), parecem se perder um pouco no tempo.

Parece haver mais luminosidade na eterna escuridão da caverna, parece existir um leve sopro de conhecimento no julgo popular. E o que resta é envelhecer e assistir, olhando sempre o relógio que a cada dia se parece mais com seu inimigo secular.


Os anos que se passam, fazem questão de passar em sua frente para perguntar "o que quer fazer agora, e o que deveria ter feito?". Mas não importa mais argumentar. É viver um dia após o outro, sem ansiedade, mesmo que o próximo dia possa ser o último (ou o primeiro de uma nova concepção da vida que venha a começar)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O que reina em mim.


Existe um pouco de rei em mim, esbanjando o pouco que tem, esnobando com ar de desdém.
Há um pouco de rei em mim, na arrogância e nos atos de pressupor algum tipo de ar superior.
Existe um rei em mim. Não sei a quem ele reina, não sei em que reino fica seu palácio. Existe muita força perdida, muito tempo perdido, nesse reino esquecido e sem pudor.

Ouve um rei em mim, sem castelo e usurpado. Sem súditos ou vassalos, apenas um rei, mas sem cavalo!
Sua majestade está ausente do recinto, o trono é disputado por déspotas que deveriam ser confidentes e amá-lo.
Há tanto a se discutir, milhões de situações a se realizar, um mundo inteiro cheio de outros reinos, e me perco nesse meu pequeno reinado que estou a odiá-lo.

Há um rei morto, ele mora em mim, não pode mais sentir, sofreu duras penas (pobre maldito), não há onde enterrá-lo.
Os vinhos não possuem mais gosto, a noite desanda sem sono, e o mistérios dos ir e vir se encontram sem respostas, e as perguntas são ignoradas, como se quem respondesse fosse devorado pela esfinge na máxima: “decifra-me ou irei devorá-lo”.

Há um rei criado em tão pobre casebre, filho de todos, movido pela sua fé sem saber o que irá por vir. Sua coroa é leiloada a quem pagar mais, sua vida vai junto no remorso desse embalo (como se não fosse nada demais). Não há trono e nem alianças de fiéis para lhe servir.

O que reina em mim, sou apenas eu. Dono de mim, sem rei ou cavalo. Sem rei ou vassalo.

sábado, 5 de novembro de 2011

Como se fosse a última semana.


Só tem o dia de hoje, só tem até amanhã...passou, foi agora a pouco, passou sem demora.
Os planos estão na mente, mas não se concretizam, pois precisam de ação. O planejamento parece ser eterno e nunca chega a hora.

Só tem essa semana, só tem até semana que vem, passou, foi semana passada.
Hoje deve ser o último dia de nossas vidas, evidentemente. O “aqui” é agora. A sensação de vida, brilha como nunca se percebeu antes. Existe, sabes que existe, e porque pensaria diferente?!(Muitos estão por aqui sem essa consciência) Mas só tem esse dia para perceber, só tem esse dia para perceber, nessa semana atrasada.

O tempo passa e essa é sua última semana. Todas são as últimas semanas em potencial. Toda despedida pode ser interpretada como um adeus, e não “até mais”. O tempo não para, não perdoa, não se atrasa, não demonstra nenhum tipo de arrependimento final.
Viver esse dia como se fosse o último. Viver essa hora como se não houvesse mais nenhuma hora.
Viver essa semana como se fosse a última, nada mais.

O último gole de refrigerante, a última mordida no hambúrguer. Só tem até amanhá para aproveitar. Dormir e acordar, tentar ver o sol nascer feliz, sem tardar.
A última corrida, o último jogo, a última piada junto com os amigos, há muito a perder.

Essa é a última semana e tem que ser como as outras, sempre como se fosse o último dia.
Sem tempo para pensar, sem tempo para se organizar, outras prioridades tomam conta. Agora, basta lembrar que só existe esse momento e essa semana, talvez seja verdade: É o último dia!