quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O que reina em mim.


Existe um pouco de rei em mim, esbanjando o pouco que tem, esnobando com ar de desdém.
Há um pouco de rei em mim, na arrogância e nos atos de pressupor algum tipo de ar superior.
Existe um rei em mim. Não sei a quem ele reina, não sei em que reino fica seu palácio. Existe muita força perdida, muito tempo perdido, nesse reino esquecido e sem pudor.

Ouve um rei em mim, sem castelo e usurpado. Sem súditos ou vassalos, apenas um rei, mas sem cavalo!
Sua majestade está ausente do recinto, o trono é disputado por déspotas que deveriam ser confidentes e amá-lo.
Há tanto a se discutir, milhões de situações a se realizar, um mundo inteiro cheio de outros reinos, e me perco nesse meu pequeno reinado que estou a odiá-lo.

Há um rei morto, ele mora em mim, não pode mais sentir, sofreu duras penas (pobre maldito), não há onde enterrá-lo.
Os vinhos não possuem mais gosto, a noite desanda sem sono, e o mistérios dos ir e vir se encontram sem respostas, e as perguntas são ignoradas, como se quem respondesse fosse devorado pela esfinge na máxima: “decifra-me ou irei devorá-lo”.

Há um rei criado em tão pobre casebre, filho de todos, movido pela sua fé sem saber o que irá por vir. Sua coroa é leiloada a quem pagar mais, sua vida vai junto no remorso desse embalo (como se não fosse nada demais). Não há trono e nem alianças de fiéis para lhe servir.

O que reina em mim, sou apenas eu. Dono de mim, sem rei ou cavalo. Sem rei ou vassalo.

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