sábado, 23 de outubro de 2010

Sociedade Desigual



O que comporta uma sociedade desigual e tão rica? 

O que suporta mundos tão diferentes dentro do mesmo mundo? 
É depender de ações políticas justas e dizer que isso é o suficiente?
É talvez esperar um líder incorruptível e soberbo, que acabará com todo o sofrimento de forma nunca vista. Acreditar que será feito de uma forma harmoniosa e toda essa realidade será refeita. Porque vivemos em uma sociedade tão desigual? 

Parece ser um monstro de duas cabeças que tenta se devorar, e não percebe que se uma das cabeças morrerem, o corpo perece junto. Vivemos na sociedade baseado no ego, e por isso se dá o nome de “egoísmo”. 
O conforto pessoal se sobressai sobre o que compõe a sociedade. Nosso estado comum é de aparência. Ter e ser, são projetos iguais. 

Até o dia de nossa morte, seremos o que tivermos. E tudo mais importa se tiver forma voltada a nossos (meus) interesses. Um país tão rico, formado nas costas da escravidão e extrativismo, atravessou anos de indiferença até chegar ao populismo, (no qual se sonhava com um pouco mais de pão para assistir o circo), aos dias em que a indústria precisou dos filhos dos trabalhadores. Mas é essa a base da vida, da desigualdade, da ignorância, da limitação. 

Somos um dos 10 mais ricos do mundo, a cerca de 30 anos, e um dos mais desiguais desde a “descoberta”. Necessitamos do braço e da labuta até o momento em que não se fará mais necessário, pois teremos funções autômatos ao nosso favor. 
E dessa mesma forma, entraremos no velho problema estrutural: sem emprego - povo sem renda-, e povo sem renda-menor consumo-.... Mas ainda teremos o mercado externo, quem sabe o 1º mundo esteja bem para comprar tudo que pudermos vender? 

Podemos medir nossa inteligência com títulos de mestres e doutores, mas nossa dignidade e amor ao próximo não possuí atestados ou prêmios. Apanhamos sem querer, vivemos sem pedir, e a única coisa que nos faz fugir da verdade que encanta o mundo é o prazer! 

 Ah, o prazer. Sem ele não teríamos razão de ser. Tudo gira em torno desse vício na alta concentração de endorfina e dopamina que sempre buscamos. Algo melhor para passar esse eterno tempo. Enquanto pudermos, enquanto for possível, algum dia olharei para outra pessoa (que não seja um familiar), e estenderei minha mão... 

Apenas uma vez! Uma vez! Pois, aprendi que não existe retribuição, não existe razão para se preocupar, e que todos os problemas sociais são fruto da politica-social, e a mesma deve acabar de qualquer forma com toda essa injustiça que me salta os olhos. Viver no reino do egoísmo é se adequar ao contraditório for complacente e se indignar com tudo que seja ao coletivo. 

Viver no mundo do egoísmo é ter um mirante eterno para o prazer e a satisfação pessoal. Viver no mundo da desigualdade e se irritar com toda a violência em que se passa nas grandes cidades. Não esperar que mal-politica e a indiferença de uma sociedade absurdamente consumista se traduzam em um projétil expelido em direção a uma caixa craniana. 

Viver no mundo da desigualdade, chateada com ela mesma, se xingando e se dividindo em estamentos eternos. É o que comporta uma sociedade desigual e tão rica! É o que suporta mundos tão diferentes dentro do mesmo mundo! É o depender de ações políticas justas e dizer que isso é o suficiente! É talvez seja esperar um líder incorruptível e soberbo, que acabará com todo o sofrimento de forma nunca vista e a creditar que será feito de uma forma harmoniosa e toda essa realidade será refeita?

domingo, 17 de outubro de 2010

Egro. Passado Negro.


Não se confunda, não finja.
O império que seus avós levantaram foram em cima dessas costas negras.
Ouve o estalar do chicote. A carne, se abrindo em feridas.
Não se importe não se corrija.

Os seus olhos verdes não me enganam, pois seu passado é negro.
A discriminação disfarçada não mais ilude.
Libera essa máscara e a verdade. Mostre toda a sua virtude.
Demonstre sua rejeição e medo. Medo negro. Passado Egro.

As mãos que colheram o fruto que alimentou o passado foram por mão negras.
Mundo polarizado. Preto e branco. O mal sempre negro e o bem sempre branco.
A mão que erguia o chicote era branca. As dores a serem sentidas eram negras.
A mão que trabalhava para a riqueza era negra. O luxo que se erguia era branco.

Os seus olhos verdes não me enganam, pois seu passado é negro.
Não se iluda que nada o inflija.
A riqueza que surgia para todos, foi só para alguns.
A terra que nutria nossas mães tinha trato negro.
Nada mais importa não se corrija.

Passado egro. A memória se apaga, mas o tempo nunca se esquece.
Força motriz do começo até o fim. De muitos para alguns.
A força que moldava a vida dessa gente era do homem íntegro.
Passado egro. A memória se esquece e todo a história, perece a sua mercê.

Os seus olhos verdes não me enganam, pois seu passado é negro.
Seu cabelo claro não esconde as raízes negras.
Do tempo que a liberdade, igualdade e fraternidade, não liberaram as senzalas.

Muita coisa mudou, mas a desconfiança ainda é um sentimento “negro”.
Os ventos guardaram as dores de outrora.
Passado Negro, jazz muito negro.

Procure nessa árvore genealógica, procure suas raízes de fora.
Jogue suas mascaras e conceitos no chão.
Pense no sul como o norte. E no certo como não tão certo.

Procure em qualquer árvore suas raízes. E tenha certeza do não.
Vejo nos seus olhos verdes, que refletem seu futuro incerto.
Pense naquelas costas negras que ergueram todo esse império, lembre-se de pagar com juros de mora.

Os nossos olhos verdes não nos enganam, pois o passado é egro.
Os ventos guardaram as dores de outrora.
Passado Egro, jaz muito negro.




sábado, 9 de outubro de 2010

Produto Nosso. Nós.


Adoram rotular, colocam a marca e embrulham para vender.
Despacha a mercadoria, com selo atestado e delimitado com o nome pré-definido e ações bem-contidas.


É bom nomear o produto, senão o mercado perde o rumo.
São tantas marcas que já se perdem de vista. Rotula e embrulha, põe um código de barra no pescoço e põe na prateleira.

São tantas marcas que já se perdem a noção de "porque" vender. É tudo competição. Mais uma corrida. Mais uma promoção.
Gostam de rotular e definir, mesmo quando não cabe a definição...mas se não o fizerem, perderão o sono, e o controle!

Estamos cheios de rótulos e só falta a embalagem descartável para completar o visual. Precisamos de patrocínio, utilizaremos as marcas e estampas do tênis e da camisa que usamos.
Somos medidos, pesados e conformados. Selo de garantia deve ser expedido. Manual de instrução não incluso. A qualidade vai além de qualquer ISO ou conotação do Inmetro.

Vamos aproveitar toda a nossa bagagem velha e fora de foco, para continuar produzindo nessa esteira a linha de montagem. Classificar todos como se fossem o mesmo produto. E zelar para que esse produto não estrague.


Espera-se que o produto não fique parado. Espera-se que exista um grande rodízio na entrada e saída de mercadoria, e o estoque tem que ser limitado ao máximo! Ou o excedente pode virar lixo!


Vamos colocar mais rótulos e limitar o presente, para que não haja um futuro descontrolado e cheio de inspiração. Vamos selar essa caixa com tudo dentro, despacha para alfandega que é sucesso no exterior!


O código de barra no pescoço as vezes coça. Os rótulos de vez em quando incomodam. A embalagem asfixia. A caixa tá com cheiro de mofo. Tô cansado de ficar na esteira dessa linha de montagem. Quando aparecerá uma propaganda verdadeira?!

Indiferente


É indiferente, tudo indiferente.
O mundo é indiferente. Sua mãe é indiferente.
Seu choro é indiferente. A mão que balança a rede é indiferente.
A chuva que cai é indiferente.

Nenhuma opinião nova, nada de diferente.
Sem ter o que argumentar , sobra ser paciente.
E tudo mais, é só um pretexto para ser indiferente.
Como tudo que nasce e morre por essas bandas, quem soa tão existente?

Ideologia decadente, se torna reverente em mundo tão inclemente.
Crianças penitentes, caminham sem ter quem mostre um mundo mais decente.
Crença decadente, mostra fantasia de forma tão imprudente.


Somos tão obedientes a toda essa forma que se mostra tão imponente.
Parecemos indolentes, para aqueles que querem nosso suor e sangue de forma tão insolente.

O tempo é curto,  manipulado de forma excelente, a nossos olhos que nada entende, realmente.
É indiferente, tudo indiferente.
O mundo é indiferente. Seu pai é indiferente.


Até o mais crente de suas convicções se encontra descrente.
Toda ruína decadente, excelente ao grande observador  intermitente.
Cada passo medido, cada suspiro observado, e tudo que se aprende hoje, é que o mundo está indiferente.

Música nossa de cada dia.


O que é música? Quem gosta de música?
Música vai além de “ritmo”, “grupo” ou “banda”, vai além de época ou qualquer referência de gênero. Vai do atabaque do candomblé até a orquestras de Wagner.
Passa pelo inimigo público até as nuvens de metal que caem do céu. É referência no Sabbath até Caetano.

Música transcende a qualquer moda ou estilo. Não se tem forma. Não se limita. Vai além de você ou de mim. Vai e vem. Na forma de som. As ondas que repercutem o som e entram na frequência exata do seu momento.


Ela fala o que precisa ou quer ouvir em determinado momento. Sempre é a mesma letra, mas sempre te dá novas perspectivas. O som sempre pode ser o mesmo. E a cada nota, se transforma de uma forma inédita. Todo o som. Toda a batida. Todo barulho. Toda a poesia. Tudo se faz ao nossos ouvidos.


Nosso prazer e percepção construídos em compasso e rima. Tons e semi-tons. Seja na partitura ou na tablatura...seja até na folha de um caderno!
A música se faz ouvir e se torna em nossas aspirações. Se torna algo mais que acostumamos ter.
Enquanto houver música, enquanto houver poesia, há um pouco mais de mundo. Mais humanamente impossível de ser, puro sentimentalismo.

Meu querido Trabalho


 O trabalho é um fator econômico. Usualmente os economistas medem o trabalho em termos de horas dedicadas (tempo), salário ou eficiência.


 Mercado de trabalho relaciona aqueles que procuram emprego e aqueles que oferecem emprego num sistema típico de mercado onde se negocia para determinar os preços e quantidades de um bem, o trabalho. O seu estudo procura perceber e prever os fenómenos de interação entre estes dois grupos tendo em conta a situação económica e social do país, região ou cidade.


Trabalhamos por que precisamos. Nascemos para isso. Somos filhos do trabalho. Desde o Rei Romano, Sérvio Túlio até a concepção Socialista de Marx e Engels, Somos os filhos dos pobres, aqueles que dão a luz para novos trabalhadores (vulgo proletariado), que estudarão, se aperfeiçoarão para vender sua hora em troca remuneração. Desde o Império Romano onde se recebia o “salário” (sal em troca de serviços prestados ao exército), passando pela reforma Fascista de Mussolini onde se instituiu a idéia de salário-mínimo.
Em troca da remuneração, trocaremos por tudo aquilo que nos vendem e anunciam com tanto glamour. Esse é mundo em que vivemos... E porque seria diferente?


Do chão que antes se plantava, que hoje está na mão daqueles que fazem uso melhor dela. 

O condicionamento vem do primeiro dia da escola até o dia do último suspiro, e é “levar o sustento para casa”, pois se pensar o contrário serás um inválido. Será um inútil. E somos levados a crer que nossa única opção é vendermos nossas horas, e de nossas horas toda a nova vida, a alguém que contabilizara nosso trabalho, nosso esforço e eficiência e esse pagará o preço que custamos a ele. Nossa vida vale tanto quanto podemos produzir. Nós somos o que podemos ser (e ter).

Desde o império Romano a evolução do liberalismo econômico, vimos a escravidão e o fim da mesma atreladas ao mesmo fato: Maiores riquezas. Uma “mão invisível” que parece justa e exata no equilíbrio sócio-econômico global. Um mundo criado pela necessidade de se consumir tudo que se tem hoje. Porque no amanhã, será tarde demais (ultrapassado!).


Nossa vida se limita na perspectiva de se materializar tudo que sonhamos. E os sonhos são financiados a todos os clientes. Querer mais do que sempre quis. Não importa a diferença ou indiferença. O limite está avaliado em papel moeda. Os valores estão na bolsa de ações. O suco de laranja subiu 1,5% hoje. E o mundo mudou muito nesse último segundo. 


Novos prazeres, o HD de última geração já não é útil quanto o novo que lançou. O Iphone de hoje multi-facetado, será inútil daqui 2 anos. As idéias que fundamenta tudo e que fomenta todo o consumo de hoje, foi criado a 3 séculos, e pouco revisado, apesar de ter se criado diversas técnicas e termos tido diversos avanços no campo técnico-científico.

Aparentemente, não existe motivo para se questionar. Entre revoltas e revoluções, tudo pareceu ficar o mesmo. O vilão virou o mocinho, e quem deveria ser o mocinho se tornou o vilão. Mas não existem heróis verdadeiros. Os valores estão penhorados, e o crédito está um absurdo!

Com 14 yans compra-se um bom saco de arroz.
Com 120 euros, compra-se um bom par de tênis.
Com 120 dólares um aparato tecnológico para nosso entretenimento.
Com 4 reais, se compra 20 pães.

Só não se sabe quanto vale o ser humano. Conceito difícil de mensurar na bolsa.

O dinheiro tem diversos valores. Diversos nomes. Mas o mesmo propósito. A simples quantificação e padronização no comércio. O triste da história é que o papel obteve mais valor que a carne. Seja ela humana ou do açougue.
O mundo do “eu” manda no do “nosso”. A vida se banaliza. Nosso trabalho é sumariamente importante, e pensar em qualquer outra coisa leva tempo... E tempo é dinheiro. Não podemos perder tempo. Não podemos perder! Jamais.


Arranjar trabalho é fácil, pois trabalho é infinito, só ver o exemplo de Sísifo! O difícil é arranjar emprego. Mais difícil ainda é descobrir qual o verdadeiro valor.
Da infância ao fim da vida, tenha um bom trabalho!