quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Do que Temos que Engolir

Certas coisas ficam engasgadas em nossas gargantas. “Pedindo” para sair. Quase gritando por liberdade. A tantas afrontas que devemos engolir e temos que abaixar a cabeça; seguir em frente!
Ah, se cada murro em pessoas pretensiosas mudasse o mundo. Mas não o muda. Talvez até piore o “nosso mundo” (seria mais um universo interior). Causa e consequência...

Por isso engolimos a seco a cretinices e a bobagens que despejam sobre nós. Defecam pela boca com maestria e esperam agradecimento pela quantidade de adubo que despejam sobre nós.

Engolir essa porra, como uma puta de 20 reais do cais engole. Engolir todas as afrontas. Fazer-se de cordial e ainda agradecer pelos insultos ao mínimo de dignidade que nos resta. Eles estão todos certos. Sempre estarão.

Enquanto puderem escolher se você vai ou não servi-los pelo mínimo que podem pagar, eles estarão certos. Enquanto puderem selecionar como você deve se portar, eles estão certos. Enquanto puderem dizer como você deve se vestir, eles estarão certos. Por milímetros na estratificação social, estamos abaixo. A ralé. O proletariado.

Aquele que se multiplica fornecendo sua prole para o mecanismo funcional que existe nunca cessar, pois a sociedade vive disso: Da diferenciação e da submissão.
Talvez seja algo ligado ao mais intimo do ego. Uma reflexão inversa que os impede de perceber sua mediocridade e conformismo com o que são e da limitação na vida como indivíduos realizados. Por isso, por milímetros ou centímetros nessa camada homogênea em que nós todos estamos (na merda), devemos ouvir e baixar as orelhas como burros de carga, pelo medo de sermos desligados da nossa função básica de sobrevivência.

Sobreviver, já que o termo “viver” é um pouco vago e no momento utópico demais para a realidade que se encontra maior parte da civilização humana.
Por isso engolimos essas merdas. E de tanto tragar a fumaça cinza que sai das chaminés, perdemos um pouco de nossa humanidade.

Comemos essa lavagem, pois não sabemos que existe algo melhor e como obtê-lo. Vivemos nessas palafitas de madeirite e compensado de madeira, que apodrece com a água da chuva e a subida da maré com esgoto, pois somos fracos demais para exigir algo mais digno.

Por isso engolimos. Vamos extrapolar bebendo para esquecer. Tomar um remédio para dormir e tentar esquecer as angústias. Socar a parede como se fosse à personificação de todo filho da puta que te falou algo indesejado... Como se fosse resolver o problema. E desejar que nada disso seja em vão e que todo auto-sacrifício seja por alguma razão misteriosa e desconhecida.

Só desejar. De forma irreal, quase irracional, para engolir e não dormir engasgado com esse vômito preso na garganta. Se bastasse gritar. Se pudesse voltar no tempo e dizer tudo que esta preso como um nó no peito, mas nem o Superhomem, dando voltas na velocidade da luz na direção contrária a rotação da terra conseguiria. 


Já é passado. Já Foi! É só mais um fragmento de memória para te deixar puto e te moldar. Quebrar seu espírito, sua mente, sua auto-estima. E te fazer engolir... Tudo!


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