quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Eu me Findo.

O sonho de morrer logo ficou no passado. Mas não estava esquecido. Tomar as pílulas que dão para domar o mal interior. Antes de dormir, era difícil imaginar o dia seguinte. Para acordar era sempre um martírio. Todo santo dia, um martírio. (e como seria diferente?) O peso do mundo na consciência, como se estivesse devendo algo a alguém, além de um senso de inutilidade social inevitável. Como afugentar essa angústia que não cansava em me cansar?


 Não me canso de fazer perguntas retóricas que sem resposta acabam virando respostas óbvias. O quanto de ricina é preciso para matar a consciência? Se eu não pudesse matá-la, eu deveria sequestrá-la e colocá-la em um calabouço ou qualquer buraco que ninguém pudesse encontrá-la. A consciência estaria perdida e eu livre do seu peso sobre meu crânio. 

Para poder me livrar dessa pressão interna craniana, eu escrevo. A cada dia que escrevo, escrevo para mim. Escrevo para alguém que talvez nem exista. Escrevo para que ninguém leia, mas escrevo. Escrevo para transmitir as aflições do maniqueísmo binário que são acobertadas pela hipocrisia que ninguém quer admitir. Os erros que querem esconder. Essa falsa ilusão e do eterno prazer. (Doce ilusão que vicia)

Essas ilusões da mente que intoxica, causa a dependência pelo irreal e o prazer. Prazer para fugirmos da realidade absurda e dos padrões alienantes que engolimos diariamente como tabletes enormes e indigestos. Precisamos mentir a nós mesmos para escapar do óbvio (e talvez o óbvio nos escape por pura ignorância). 

Precisamos do hedonismo e das soluções imediatas, da amputação das fobias e do medo de sentir medo. O meu pior defeito é não me enganar tão fácil como outrora. Esquecer as coisas boas em detrimento as ruins. O defeito é não suportar mais o doce que me dá indícios de diabetes. 

Não, não posso mais assistir a tudo e não me pronunciar. Mesmo que não me leiam, mesmo que minha ortografia ruim possa ferir os olhos treinados daquele que possa vir a me ler... Persisto nesse derrame de idéias.

Vomito minhas palavras sobre o branco do nada. E no último parágrafo, só por esse momento, eu me findo. Eu me findo. Eu me acabo. Tropeço-me nas palavras, mas acabo por dizer tudo que preciso por um dia. Como se morresse em paz. Jaz. Aqui. Me Findo.

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