sábado, 20 de dezembro de 2014

Daysleeper

Tem dias que não quero dormir. E quando durmo não consigo levantar. Quero dormir eternamente as poucas horas do dia. Tem dias que só quero dormir para o dia acabar logo. É complicado ter tamanho sono (ou falta dele).

Tem noites que é melhor nem ir pra cama, pois o dia é pouco e tem que se fazer tanto. Tem noites que é melhor dormir, porque não tem nada mais que agrade para ser aproveitado. É complicado ser um sonâmbulo ansioso ambulante. Melhor seria hibernar.

Acho que deveríamos separar uns dias certos no ano, só para chorar. Tirar toda mágoa aprisionada em algum lugar do imaginário que chamamos simbolicamente de "coração". 

 Deveríamos chorar para desatar todos os nós da garganta, todas as frustrações e os sapos e anfíbios diversos que somos obrigados a engolir. "Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir. Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir".

Para dormir em paz (que paz?) e com a consciência tranqüila (o que é consciência?), vamos desaguar a chorar e molhar todo o travesseiro, para que puder achar no soluço a verdadeira razão para não dormir. Para agüentar todo o dia santo, o alvorecer que me mata pouco a pouco, enquanto durmo em pé no ônibus.
Enquanto durmo, não há coelho branco para perseguir. Não há chapeleiro louco servindo chá. Gatos sorrindo. Não há nada de fantástico, mas ainda sim, me prende de forma incrível. Daysleeper.

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