Esse espaço é onde exponho meus devaneios mundanos...Enquanto ser existente, sou pretensiosamente reflexivo.
domingo, 3 de abril de 2016
Triste Pagliacci
Calada da noite, a solidão grita no silêncio ensurdecedor.
Incomoda mais que a fome, daquelas que devora por dentro.
Não há alma viva para conversar, nem a própria. Nem almas mortas.
O sono chega para incomodar, mas a teimosia vence o cansaço da mente e do corpo.
Teimosia, que não chega a ser uma qualidade ou defeito. Apenas é. Está!
Pensamentos servem para dispor de reflexões inúteis e divagações embaraçosas.
O apelo a ouvidos que não querem ouvir entre bocas que não querem falar, resulta em um papel de palhaço, cínico e dependente de atenção. Triste palhaço.
Daqueles que nem precisam de maquiagem. Ah, é o medo que conspira contra teu sono? Ou ansiedade pelo futuro incerto? É difícil responder se está com medo ou ansioso, quando é possível estar tendo ataques histéricos que ninguém quer ver ou ouvir. A loucura tem que ser padronizada, senão não tem expectador ou platéia.
A dor tem que ser representada, senão não tem poema e lírica. Pode se lamentar, pega um papel e caneta e começa a chorar palavras para ver se cala a boca da alma angustiada.
Escreve como se fosse acabar a tinta da caneta. Rabisca como se não houvesse mais papel. Escrever como se a vida dependesse disso. De letras e sentidos. Não há sentido. Não há leitura.
É só o desabafo do eu presente para o eu futuro (e qual futuro será?). Quando acabar o espetáculo, desce o pano, mas não há uma salva de palmas. Não há pedido de "Bis".
Só o silêncio constrangedor que incomoda o vazio.
Perfura a barriga desse vazio como uma bala. Missão cumprida, mais um palhaço escrevendo o que provavelmente não será lido: "Alô, tem alguém aí?".
É mais uma pergunta retórica, pseudo-intelectual dita par si mesmo em um período futuro.
E a resposta será - "Depende, mas é melhor que não tenha"- Deixa a solidão gritar esse grito mudo. Incomodar o silêncio da noite com o vazio que espanta.
Deixa-a dominar o teu lugar, teu sono, tuas lágrimas. Deixa, vai que ela te deixe em paz...
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