domingo, 22 de agosto de 2010

Visão do meu eu-lírico.



O eu é meu. Tão meu que pertence a tantos. Pode-se até dizer que geraria uma infindável roda-viva de processos de plágio!
Mas o meu eu-lírico vai contar como ele vê o mundo:

“Um dia, acordei  e não me reconheci no mundo.
Esse mundo de tantos mundos, me parecia estranho.

Um dia olhei para o espelho, e já não me reconhecia naquela imagem.
Era estranha a mim. Eu estranho. Meu lado estranho.
Percebi que os outros que vivem ao meu redor, não me estranhavam como eu mesmo me sentia estranho, foi quando olhei para eles, e percebi que não me reconheci na imagem que eles faziam de mim.
Gostaria de saber o que eles enxergam; gostaria de saber como se veem.

Tanta diferença. Tanta indiferença, igual para todos. Tantas mudanças, e tudo continua o mesmo desde o início.
Olhei para o mundo e não me reconheci nele. Muito barulho, muita bagunça...nada do que eu realmente seja, nesse caos ligeiramente desorganizado.


Somos cegos, sem perceber. Não enxergamos além de um palmo a nossa frente. Esse órgão minúsculo que percebe a luz e a transforma em impulsos elétricos encontra suas limitações. Essa percepção que criamos a partir do que vemos, encontra suas limitações. Suas limitações.

Queria fugir mais dessa realidade, queria que fosse uma realidade menos surreal. Nessa visão que se faz. O mundo que se reflete na ambição de cada um. O egoísmo desvairado, camuflado como “vontade de vencer”, sim... Sempre! A qualquer custo! Que custo tem tudo que vemos? Quanta custa o valor que damos as nossas imagens? A qualquer custo uma imagem.


Um dia olhei para o mundo e não me encontrei nele. Tinha me perdido, feito a esperança. Meu eu-lirico, não tem mais tanto lirismo. Meu eu, não é tanto meu como penso que é.
Certo dia (que tanto poderia ser noite) não me olhei mais, com medo de sempre não me reconhecer.


Agnóstico, olhei, e esperei. Esperei que algo fizesse sentido. Esperei que o sentido fizesse sentido. Esperei acreditar que tudo pudesse ter razão nas coisas que são. Esperei, mas não olhei mais.
Um dia olhei no espelho, e nada mais era reconhecido.
Um dia olhei para as pessoas ao meu redor, e esperei me reconhecer nelas.
Um dia, certo dia, como se fosse um pouco da noite, eu não enxerguei mais nada.”

O meu eu-lírico se despede, de forma excêntrica e totalmente translocado no seu verbo de ser.

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