Decifra-me ou te devoro, disse uma esfinge certa vez. Criatura faminta,
ávida em devorar alguém. O mundo ainda reflete essa ideia antropofágica:
"Quem come quem? E ai, comeu?".
Tudo se traduz em sexo. Sociedade falocêntrica, imagina o mundo como a
cabeça de uma rola, no meio do universo, onde a vagina seria o buraco negro.
Seus prédios enormes e sua visão de mundo se traduzem em picas saindo do chão
rasgando o céu.
De onde saiu esse desejo tamanho pelo sexo? Transformar amor em sexo... E
violência em sexo.
Nesses momentos é que nos aproximamos de nossos ancestrais mais
primitivos, grunhindo, rosnando, remexendo em gestos repetitivos em busca de
algum prazer. É nesse prazer que consideram a vida, nessa satisfação que eclode
no cérebro, como larvas de cisticerco.
Amor passa pelo sexo. A dor passa pelo sexo. A vida passa pelo sexo.
Nessa corrida rumo ao nada, trepando com a satisfação do gozo sem se preocupar
com o Armagedom no final do mês.
O hedonismo nunca cessa. A busca pela satisfação nunca finda. Talvez
seja para ajudar a absorver toda a dor latente existente. O sexo serve como
analgésico da vida que também não se abdica de nos foder constantemente (no
sentido figurado na maior parte do tempo).
A TV me corrói, a vida me corrói. Beber só iria corroer mais ainda meu
fígado, meus órgãos. Se a vida me corrói, talvez eu seja uma estátua de
mármore.
Os sons que saem do aparelho televisivo soam tão vazio, tão manipulador.
O suspiro que sai do corpo sai tão errático e tão desesperador.
Sou um monólito destruído. Um monumento sobre o absurdo do momento. E o
que resta para estátuas “vivas” e ambulantes a não ser tentar foder? Mas não, o
sexo não mais responde a satisfação. O tesão acabou.
É endorfina confundida com morfina. E confundem o foder conotativo com o
denotativo. Confundem o amor com foda, e fodem tudo e a todos sem amor e sem
sexo. O foder apenas pela destruição. Foder como se fosse pelo prazer de infligir
à dor, elevando a paixão pelo “si” a níveis universais para enfim, se sentir o
pica das galáxias.
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