De onde vem à inspiração para levantar e engolir o açoite do relógio? Os olhos desconfiados, a forma de sentir e viver somando todos os velhos conceitos e trocar todo seu tempo pelos prazeres que parecem durar a eternidade de alguns minutos. De onde vem toda a forma de enganação que admitimos acreditar como sendo incontestável e necessário para o dia seguinte?
O compasso é rápido, e a impressão de ser realmente necessário correr mais
rápido que o vento e ser servil como mais um cão da matilha está implícita.
Correr para não perder tempo, comer perto para não se
atrasar com o percurso, olhar preocupado com o tempo perdido que não foi
contabilizado.
O tempo escoe mais rápido do que se muda de opinião. A necessidade
de se trocar a vida pelos vícios vendidos é o que motiva as ideologias modernas,
de todos aqueles tementes do poderoso ser onisciente e que não são assombrados
com a falta de percepção da real necessidade da respiração e aspiração.
Ser para ter, entre o tempo gravado no cartão perfurado, do
olhar vigilante da chefia que aceita ordens de um bom fidalgo em seu iate.
Ter
para sentir, algo que parece um pouco com esperança, algo que parece um tanto
com alegria, algo que deve ser confundido com satisfação. O sorriso na cara é
só para enganar a tristeza, porque a verdadeira graça ainda não foi encontrada.
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