O peso da carne sobre os ossos é exaustivo. Tudo cansa. Viver cansa. A
existência cansa. Tudo é caro. Viver é caro. Acordar custa caro. Morrer custa
caro. Porque prossegue? Querer uma vida menos vazia e mais cheia de nada?
Inútil viver demagógico.
Não tem como sentir inveja de pessoas que rompem o cotidiano com
seu desafio incansável diário. Desafiando a lógica absurda que contempla nossas
vidas. Acordam, tomam seus cafés, se arrumam e vão desafiar a distância que
separa seu martírio e seu berço, refutando o espaço/tempo que tanto desafiou
Einstein.
No correr do relógio, o açoite moral do encarregado é carregado de
valor moral e incisivo. Não há tempo a perder para chegar até onde se passarão
horas entre fazer aquilo que precisa e que não necessariamente gosta, mas que
deve ser feito para sobreviver. Heróis anônimos de uma vida que não aparenta
suas glórias.
Há uma admiração enorme por aqueles que vencem a si próprios, ao cansaço
que carregam ao corpo estupefato e a mente fadigada diariamente aos desafios
que a vida impõe. Alegram-se em uma vez por ano gozarem suas férias. Pequenos
“mimos” reconhecidos com revoluções que sacrificaram milhares ou talvez
milhões.
Enganar-se é uma necessidade ou uma tática de sobrevivência. Viver é
para poucos, talvez até seja raro. Não tem como não admirar aqueles que vencem
sem saber.
Vencem sem perceber, ou talvez saibam, mas que o prêmio diário perdeu-se
em importância em nome de um resquício de orgulho. Talvez fique talhada no
subconsciente a vitória no final do dia, ou é só o cansaço que vence no final.