segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Máscaras e Fantasias.




Há um baile de máscaras, um baile que celebra a fantasia, como o carnaval de Viena de outrora.
As máscaras contemporâneas são aquelas que colocamos, para que as outras pessoas mascaradas se sintam mais a vontade perto de suas mentiras.

Nos tornamos parte de um todo. Um todo fantasioso e mascarado. A hipocrisia é escondida atrás de máscara e a fantasia das mentiras inventadas para nos tornamos inspirados em seguir adiante no ciclo de penúria.

Acreditamos em fantasias de ganhar na loteria acumulada, achar a pessoa perfeita ou acreditar em seres mágicos invisíveis. Acreditamos em tudo aquilo que faz com que nosso cérebro trabalhe com o “aceitável”, uma razão, a racionalidade humana na caótica existência irracional. Somos especiais e mágicos, somos muito mais que macacos, mas precisamos esconder quem realmente somos para agradar a outrem ou se adequar a um meio hostil.

Devemos engolir a droga que ameniza a dor, devemos acreditar nas melhores mentiras imaginadas, em livros de regras que possuem mais de 3 mil anos, precisamos nos inspirar em tudo que já foi copiado. E colocar as máscaras, sorrir para a foto, sorrir para a chefia e ordenhar a vaca para o leite de amanhã. É preciso seguir tudo que já foi feito, obedecer às regras e dormir calado, fantasiando além dos sonhos sobre tudo que poderia ser possível. Um baile de máscaras eterno!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Carrocracia.


O estereótipo que envolve nosso cotidiano é o do consumista. A ideologia que cerca nosso mundo é a do dinheiro. Quem tem mais dinheiro, é mais importante, uma pessoa melhor e que fez por merecer todos esses valores, abençoado por Deus. (pensamente muito simplista do paradoxo mundo voraz que vivemos)

O que nos é dado para consumir, consumimos. Reclamamos, xingamos, batemos o pé, mas acatamos como marionetes. Lacaios sem vontade própria, mas com estilo! O importante é ter aquele carro do ano. O modelo de desenvolvimento industrial se apoia atualmente na venda de carros. A “carrocracia” é o que domina as ruas e as mentes de milhões de adultos.

Financiar um carro, ter conforto e independência, um pouco de status e não é que o mundo te olha com outros olhos? Um carro novo, moderno atrai atenção das pessoas fúteis como as flores atraem abelhas. Como fezes atraem moscas; O conforto e individualismo é vendido em ritmo alucinante, pois é a base da nosso mercado consumidor.

Manter as vendas altas, sem se ater com “tudo que chega ao ápice, decresce...”, ignorando todos os ciclos que o mercantilismo/capitalismo teve durante sua história, e principalmente, ignorar o absurdo de que é encher as ruas de carro que não suportam essa demanda. Mas se investissem em transporte público será que seria melhor? - Mas como investir em algo que decairia o propósito maior do governo? O planejamento é feito por especialistas não muito especiais.

A revista Forbes ridicularizou o preço dos carros vendidos no Brasil, dizendo que se paga até quatro vezes mais pelo modelo “básico” de lá nos EUA. Isso com queda de IPI, incentivo fiscais e tudo mais...tirando todo o lucro das fábricas/revendedoras, tirando o montante que o governo leva, e ainda o lucro surreal do financiamento dos bancos (quem compra carro a vista?), sobraria talvez, um carro barato. 

Infelizmente, um indivíduo é inteligente, mas um montante deles é apenas um rebanho. Vai fazer barulho, reclamar e por final acatar. Vai comprar o carro bonitinho independente do preço que esteja, e vai trabalhar indefinidamente para pagar essa pendência. Tudo em nome do conforto e luxo. Lindo!

Escravidão está fora de moda!


A escravidão acabou não pelo apelo emocionado de abolicionistas, tampouco por acharem desumano o tratamento dado aos negros escravizados. Foi uma mudança ideológica que tinha por meta gerar mais riqueza e ostentar a ascensão de um império baseado nos primeiros passos da revolução industrial. Não foi ato de boa-vontade e não teve nenhum romantismo!

Queriam trabalhadores remunerados, um gasto seria empregado para pagar esses homens e ainda sim, seria criado um mercado amplo de compra e venda. Teriam milhares de pessoas com pouco dinheiro, trabalhando e gerando renda para impulsionar esse mercado. Criasse então um "funil" onde sairia pouco, e entraria muito! A concepção de lucro do mercantilismo atual era débil perante a essa nova onda que seria tomada em escala global.

Era necessário modificar a linha de produção artesanal e colocá-la em série. Fabricar em larga escala e montar turnos de 12 a 16 horas de trabalho. O alimento seria distribuído pela indústria e teria seu preço tabelado. As pequenas fazendas se tornariam parte de uma grande empresa. As terras seriam parte de um grande latifúndio. Os trabalhadores teriam ate nome próprio generalizado, "proletário”... Aquele que se reproduz. Uma classe inferior que está a serviço do consumo e do trabalho pesado.

Nasce e morre para trabalhar em algo, criar filhos e comprar bens bonitos e modernos. Eis a grande razão existencial para muitos. Nos fins-de-semana, festas, e algum tipo de droga legalizada (como álcool e cigarro) para confortar o peso do ciclo existencial sem fim. Sexo e reprodução para manter as linhas de produção e prestação de serviços menores. Futilidades na TV e manipulação nos jornais para alienar e adestrar a quem quiser ser adestrado. Praticar algum esporte, talvez, para impulsionar a produção de substâncias como a endorfina ou ter uma melhor recaptação da serotonina, para se sentir melhor na realidade que enxerga.

Rezar por algo melhor e escolher entre diversas religiões aquela que mais se adéqua a seu perfil, ajuda na aceitação de certos desígnios e regras. Se posicionar politicamente sobre a gestão do governo vigente como se realmente soubesse o que esta havendo e soubesse o que fazer para mudar tal cenário, mas a maioria grita um grito silencioso que só ecoa nas cabeças ocas. Em pequenos passos, vivemos nosso simplório complexo cotidiano.
Basta desconfiar quando sentir que a esmola é demais! Escravidão é um termo forte, ultrapassado e de método violento. Melhor é, controlar as idéias e dar “sugestões” as hordas. O final é mais feliz!


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Cotando as Cotas Sociais.

É um pequeno passo para diminuir as desigualdades. Não existe isonomia real no Brasil. É querer torcer por algo virtual e utópico. A desigualdade social vinha se acentuando apesar de uma sentida elevação das classes menos favorecidas. Ainda sim, a desigualdade social e a concentração de renda se tornaram algo cultural no país, e a ideia de ascensão social é visto com certo temor pelas classes “dominantes”. A inclusão de cotas sociais, não muda ou diminui muito essa situação drástica, mas ajuda. 

A própria lei que diz que: “- acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;”. E esse conceito de lei é o mesmo que esbarra no quais todos deveram ter “padrões mínimos de qualidade de ensino definido como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem”. Mas como? 

Existe um abismo social que se aprofunda cada vez mais por jogos ideológicos, maquinações arbitrárias, ou no popular: “Quem tem dinheiro é quem manda!”. A diferença é marcada e aprofundada, não existe isonomia na educação de base e agora querem cobrar isonomia no ensino superior!

Me estranha aquelas famílias que mantém o jovem desde o berço em escolas particulares, ensino médio particular (porque o Estado não prove ao ensino uma estrutura de qualidade) e quando chegam ao ensino superior, querem o gratuito? Para quem já estudou em faculdade pública sabe que quase não há recursos, há brigas internas/políticas entre professores e grêmios estudantis, e ainda sim é “menina dos olhos” da elite brasileira.

Enquanto há inversão de papéis, onde aquele que não teve opção a não ser estudar no estado em sua educação básica, se vê pagando ensino superior particular, onde essas mesmas faculdades encontram isenções fiscais para operar no campo de ensino, e dizem em seu regimento geral como “uma sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos”. Ora, claro que são! OH! Enquanto perdurar essa situação, o conceito de acesso ao ensino superior de forma justa continuara deturpado!

A inclusão de cotas sócias em faculdades federais não cura mazelas, apenas remedia um mal que se encontra na raiz. Assim como o prouni, que atinge as faculdades particulares, é apenas um artifício, que pode se dizer “menos mal” do que se perdurava a décadas!
É triste ver um país rico, com uma ascensão acentuada, se vê com tamanhos problemas sociais e certas “travas ideológico-sociais”, que beneficiam poucos. Ensino superior gratuito deveria ser direito de todos e é visto quase como uma “dádiva” para quem passa nos vestibulares.

Sem falar nos vestibulares, que são máquinas de decoreba, que fazem milhares de estudantes gastarem horrores em cursos preparatórios, ajuda a perdurar essa “seleção justa” que tantos comentam e beneficia aqueles que PODEM e TEM dinheiro para tal. O esforço é grande, a inspiração ajuda... Mas as fontes que certas pessoas bebem são bem mais ricas de informação que de outras. E onde mora a isonomia? Onde seu direito acaba e outro começa?