sábado, 25 de abril de 2015

Matéria Fecal

Pior que perceber a realidade é viver no mundo dos boçais. Comer, beber, cagar...Tudo se torna mais difícil. O universo poderia desaparecer por um milissegundo para satisfazer uma mórbida curiosidade humana.

O medo da morte não me acometeu. Talvez me sinta atraído por ela. Sedução antiga que fede a carniça. Entre acordar, dormir e fingir a persistência na existência há um rolo de filme inacabado correndo na cabeça;
As lembranças geram tristeza, as dificuldades criam expectativas derrotistas, e as malditas sinapses devem estar com alguma enzima faltando. 


O mundo, imenso mundo imundo. Suga todas as esperanças; Suga a vida e o otimismo dos ufanistas e utópicos. Ah, como eu queria ser utópico. Enganar-me com velhas mentiras, acreditar em velhas teorias. Mas o que me sobra é só o resto de mim, que já fora mastigado, digerido e defecado. Sou o resto da matéria fecal de mim  mesmo. Desconstruído e desacreditado pelo meu próprio eu. O contrário do Ubermensch.

Invertido, distraído e fraco. Fraco, que não aguenta um peido da realidade. Desgastado feito metal de sacrifício da pilha de Daniell, sendo corroído, reduzido pelo tempo. O que sobra de ti pobre mortal? Que Deus lhe dará guarita e confiança no futuro? Que sobra de ti matéria fecal, além de ser o adubo final de plantas tóxicas?!

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