domingo, 1 de março de 2020

Arbeit macht frei


Arbeit macht frei

"Arbeit macht frei”; (O trabalho dignifica o homem). Estava escrito num portão de um campo de concentração nazista. Sutil como uma ferroada de abelha atômica. Há quem diga que "trabalho" vem de “tripalium”, do latim, uma ferramenta de tortura. Com tantas boas referencias o conceito de trabalho hoje é a obrigação para não morrer de fome. Não é o trabalho que nos da força...

 É o trabalho que nos dá o mínimo. Alguns têm muito com por pouco trabalho, mas não é a condição da grande massa trabalhadora. Há muito suor por muito pouco. E isso não é só no Brasil. A China que se tornou o motor do mundo, trabalha em ritmo industrial.

Da revolução industrial, quando era natural trabalhar 12, 14, 16 horas por dia pelo mínimo. Antes dos sindicatos, mortes e greves. Voltamos à estaca zero. E uma revolução cultural precisa renascer no lugar.
O trabalho dignifica o homem. Mas não o compulsório. A dignidade não salvou nenhum escravo da tortura e estupros durante os 380 anos de escravidão. O trabalho é infinito:

 Você pode cavar buracos na areia da praia e esperar ser preenchido pela maré e depois reiniciar o trabalho... Infinitamente, enquanto houver ondas e enquanto houver areia. Em uma referência máxima ao trabalho de Sísifo, (sentenciado a levar uma pedra ao topo de uma montanha e vê-la rolar até a base da montanha, para em seguida repetir o trabalho).

Mas quem lhe dará "crédito" por isso? Quem te pagará por algo tão sem noção? Caso consiga alguém, voilà! Terá um emprego. Além de trabalho, terá um emprego. Muito tem empregos e nenhum trabalho. Alguns têm empregos, nenhum trabalho e muito dinheiro. A maioria tem empregos instáveis, muito trabalho e pouco dinheiro.

Vivendo na precariedade é que se controla o mercado de trabalho. Parece que na falta de escravos após a abolição, precisam de pessoas sedentas por sobrevivência. Talvez o consumo de "coisas" não seja mais suficiente. No 3º mundo consome-se o mínimo e sobrevive-se. O consumo chegou como novidade, mas se afastou novamente. Agora voltou a precariedade e a aquela vontade louca de não querer morrer de fome. A abolição veio, mas a liberdade ainda precisa ser comprada. É preciso "crédito" para se viver. Além de emprego, esperança e crédito.

Viver com a eterna ameaça da fome e de viver na rua não é liberdade. Trabalho se torna obrigação e a inspiração e o prazer de criar, dá lugar ao bater de ponto do relógio.
Vivendo num mundo em que a fome ainda é uma ameaça, mesmo existindo o descarte e a sobra de alimento. A ameaça e o medo são o que impulsionam esse foguete que não vai ao encontro dos céus...

Uniformizado

Tem um uniforme bem passado,
Um número que lhe foi dado,
Ordens a cumprir e nada mais além,
Sem questionar, sem pensar em qualquer "alguém”.

Tudo pronto, registrado e formalizado.
Ordem, formulários e número computado.
Desliga da vida, seu destino já foi traçado.
Homem feito do barro, em breve condecorado.

Abaixa a cabeça e aceita o que te foi designado
És só mais um número, um uniforme e um ordenado.
Que ficou pra trás? O que falta saber?

O que perdeu ou deixou de ser?
Não importa mais; você tem contas a pagar e ordens a receber.
Todo dia de cão que morre um pouco por dia sem perceber.