Arbeit macht frei
"Arbeit macht frei”; (O trabalho dignifica o homem).
Estava escrito num portão de um campo de concentração nazista. Sutil como uma
ferroada de abelha atômica. Há quem diga que "trabalho" vem de “tripalium”,
do latim, uma ferramenta de tortura. Com tantas boas referencias o conceito de
trabalho hoje é a obrigação para não morrer de fome. Não é o trabalho que nos
da força...
É o trabalho que nos
dá o mínimo. Alguns têm muito com por pouco trabalho, mas não é a condição da
grande massa trabalhadora. Há muito suor por muito pouco. E isso não é só no
Brasil. A China que se tornou o motor do mundo, trabalha em ritmo industrial.
Da revolução industrial, quando era natural trabalhar 12,
14, 16 horas por dia pelo mínimo. Antes dos sindicatos, mortes e greves. Voltamos
à estaca zero. E uma revolução cultural precisa renascer no lugar.
O trabalho dignifica o homem. Mas não o compulsório. A
dignidade não salvou nenhum escravo da tortura e estupros durante os 380 anos
de escravidão. O trabalho é infinito:
Você pode cavar
buracos na areia da praia e esperar ser preenchido pela maré e depois reiniciar
o trabalho... Infinitamente, enquanto houver ondas e enquanto houver areia. Em
uma referência máxima ao trabalho de Sísifo, (sentenciado a levar uma pedra ao
topo de uma montanha e vê-la rolar até a base da montanha, para em seguida
repetir o trabalho).
Mas quem lhe dará "crédito" por isso? Quem te
pagará por algo tão sem noção? Caso consiga alguém, voilà! Terá um emprego.
Além de trabalho, terá um emprego. Muito tem empregos e nenhum trabalho. Alguns
têm empregos, nenhum trabalho e muito dinheiro. A maioria tem empregos
instáveis, muito trabalho e pouco dinheiro.
Vivendo na precariedade é que se controla o mercado de
trabalho. Parece que na falta de escravos após a abolição, precisam de pessoas
sedentas por sobrevivência. Talvez o consumo de "coisas" não seja
mais suficiente. No 3º mundo consome-se o mínimo e sobrevive-se. O consumo
chegou como novidade, mas se afastou novamente. Agora voltou a precariedade e a
aquela vontade louca de não querer morrer de fome. A abolição veio, mas a
liberdade ainda precisa ser comprada. É preciso "crédito" para se
viver. Além de emprego, esperança e crédito.
Viver com a eterna ameaça da fome e de viver na rua não é
liberdade. Trabalho se torna obrigação e a inspiração e o prazer de criar, dá
lugar ao bater de ponto do relógio.
Vivendo num mundo em que a fome ainda é uma ameaça, mesmo
existindo o descarte e a sobra de alimento. A ameaça e o medo são o que
impulsionam esse foguete que não vai ao encontro dos céus...