terça-feira, 29 de novembro de 2016

Dinheiro Vai e Dinheiro Vem...

Dinheiro vai e dinheiro vem,
Perdemos e ganhamos e tudo parece bem,
Dinheiro vai e se esquece de voltar,
Nossos nomes são esculturas de areia que beiram o mar,
Crédito entra, débito sai;
E tem gente preocupada com a bolsa que cai,

Doenças, tristezas não tem como vender,
Dinheiro que tenta fazer as incertezas desaparecer,
Nossa ruína se traduz de nossos maiores obeliscos,
Vivemos muito, mas sem correr muitos riscos.

Quantificando

Nesse seu peso, quanto tem de lutas e amargura?
Sua pele contém marcas,
onde está sua armadura?
Na tua altura, conta o imenso monte sobre seus ombros?
Nos seus sonhos guardam sorrisos?
Posso parar de perguntar e só afirmar.
Há muito da sua história para contar.
És vitória de diversas derrotas,
Lutas do dia-a-dia que labutas,
Monumento, uma ode a persistência,
Vida que segue com superações em sua existência

Sentimentos Fátuos

Sentimentos fátuos, amizades e amores líquidos. 
Liquefaz o que sinto. São os fatos vividos, 
Farto de muita falsidade, tudo parece ensaiado, 
Libido, amor, fúria, tudo fica misturado, 
As aparências valem muito mais do que a essência, 
No liquidificador da vida, tudo é triturado sem clemencia, 
Liquidado! O que de nós sobra, não traduz o que somos, 
Não resta muito para dizer o que realmente fomos...

Penso Onde Não Existo

Penso onde não existo,
Moro onde não vivo e resisto.
Existo onde mora minhas memórias,
Persisto, em reviver minhas histórias,


Penso onde não existo,
Permaneço vivo e insisto,
Nas turbulências das dores,
Das correntezas que arrastam nos rios e mares,

Sobrevivo, além dos problemas do mundo que desafiam,
Na oração daqueles que me amam,
Penso onde não existo,
Revivo tudo que vive no pensamento.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Sentimentos Para Dar e Vender

Tenho sentimentos para dar e vender;
Mas quem gostaria de comprar ou ter?
Sentimentos a flor da pele, que incomodam;
Tantos Sentimentos, que poucos gostariam,
Na vida é mais fácil ser frio, gélido;
Para sobreviver ao baque que é sentido,

Coração como iceberg, sístole e diástole sem romantismo,
Bate e apanha, sobrecarga emocional com sua vida a esmo.
Sentimentos para alugar e doar,

Mas quem se arriscaria a sentir sem se magoar?
Angústia, amargura, alegria, muito amor e tédio,
É um Caldeirão de emoções sem remédio.

Eu Não Queria Sentir Tanto

Eu não queria sentir tanto,
Mas já que sinto que eu não caia em pranto,
Quero sentir mais amor e alegria,
Que seja por inteiro e não por ninharia,
Se não for para ser oito ou oitenta,
Melhor dizer: "não esquenta",
Seja frio feito iceberg na Antártida,
Ou quente como uma labareda,
No peito brada o coração,
Grito silencioso, absurdos existirão,
Gritos mudos e agonizantes,
Se perdem no nó da garganta em dias entediantes,
Mais um dia enclausurado,
Mais um dia confinado,

Corpo que não solta essa alma,
Corpo que quer viver sem calma
Eu não queria sentir tanto,
Mas já que sinto, que seja amor portanto,
Quero transbordar de alegria e amor,
Esquecer dos dias ruins e da dor.

Da Fome

Da fome que irrompe no estômago,
Ou daquela que te devora o âmago,
Qual delas te incomoda mais?
A necessidade humana é demais,
Apela para alimento da carne e da alma,
“Saco vazio não para em pé”, dizem sem calma,

A falta de alimento irrita, agoniza, incomoda,
E com o bucho cheio, a ideia se molda,
A fome é pelo saber, para saber, e como ter,
A acidez estomacal e a dor existencial: dor do ser!

Machucam cada qual em seu órgão de origem,
Um no estômago, outro nos demais que existem,
Há quem não sente a fome da mente se devorar,
Afortunados aqueles que não sente a fome te devorar,

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Holocausto Zumbi

Holocausto zumbi, homens póstumos,
Atenção na tela do celular: é isso o que somos,
hipnotizados, empacotados, embriagados,
Somos o que fazemos de nós;
(cadáveres adiados) 
Viver sem saber o porque dentre tantos porquês.
                                  A busca é por qualquer desculpa, perdido nesses bosques,
Bosque, melhor seria selva. Onde Homem devora homem,
Nenhum lobo faria isso. Somos os que somem.
Cadáveres adiados. Homens póstumos;

Viveu? Ou apenas sobreviveu? É disso que gostamos?
Sem saber o que é realmente viver, nos arrastamos, vazios!
Seguimos assim, cadavéricos com preenchimentos dúbios,
Temos medo da morte sem ao menos termos vivido,

Temos medo do desconhecido sem saber ao que somos ávidos,
Enganamos. Nos ludibriamos. Escorregamos em nossas mentiras,
Cadáveres ambulantes, sem vida, sem amor...Somos as sátiras!

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Nova Persona

Preciso criar uma nova personalidade, pois essa atual não está funcionando,
Uma personalidade mais possessiva e mais adaptada a esse insano mundo,
Personalidade adaptativa, vai poder me deixar descansar enquanto vive,
Posso pendurar a velha carapaça de quem apenas sobrevive,
Talvez seja mais feliz, tenha mais amigos e seja funcional,
Porque essa personalidade atual, não presta e anda muito mal,
Quem sabe se prive de sentimentos e possa viver em paz,
Sem ter que se preocupar consigo ou se será um ser humano capaz,
Uma fuga da realidade mais barata que as drogas vulgares,
Eficiente e mais barata que essas que causam fugazes prazeres.

Aqueles Que Não São Filhos De Santas


Aos eméritos filhos das putas,
Que não são filhos de santas,
São filhos de todas as Marias,

Que não entendem nada de bruxarias,
A todos os desviados,
Escarrados e desnaturalizados,
Que clamam pela loucura,
Mas que vem disfarçada de bravura,
A vocês, o mundo não se esqueceu,
Vira-latas,  tombados a luz do céu,

 
Digam para eles, como é a vida,
Digam, ter com essa maldita, uma sobrevida,
E sobreviver não é para amadores,
Apenas sobreviver, apesar das dores,
Como se o destino falasse: “Jogue os dados”,
Como uma prosa Bukowskiana, estamos fadados,
Há de nos levantarmos apesar de tudo,
Apesar dos golpes que recebemos sobretudo,
E como uma canção de Raul, tentamos,
Tentamos outra vez, vivemos e tentamos.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Morada Do Seu Eu

Mente, morada do seu eu, 
Quanto da vida se perdeu? 
Na expectativa da resposta, 
Se vive, existe ou sobrevive na bosta, 
Entre suas sinapses e neurotransmissores, 
Moram sentimentos, memórias e algumas dores, 
Seu eu, desequilibrado por distúrbios, 
Que sejam químicos ou elétricos, sem refúgios. 

Seria apenas um órgão? 
Não. Muito mais que nossa compreensão. 
Somos isso que vemos, 
A forma como vivemos, 
O que não compreendemos, 
O "Sim" e "Não" que não entendemos,

Me Tire (e não tire-me) Desse Tédio

Me mate, me sequestre, me transforme,
Me tire (e não tire-me) desse tédio enorme,
Quero sentir como é estar vivo,
E sentir em estado de alerta ostensivo,
Faça-me sentir como nunca havia sentido,
Ser mais um na sua família, sua vida, seu mundo introvertido,
Faça como ninguém ousou fazer antes,
Seja o que nunca imaginei, me faça ter alegria aos montes,
Dê um veneno anti-monotonia, uma pílula contra a chatice,
Quero estar no destino de sua velhice,
Atropele-me com suas ideias, vamos insistir em ficar a sós,
Tira o que restou de mim neste mundo e forje um mundo para nós!

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Na Rua Indiferente

Entre a rua Carlos Sampaio e a Riachuelo,
Cenas de puro e triste desmazelo,
Entre caixotes de feira e malas,
Crianças Dormiam amontadas,
















Como chegamos a esse nível?
Para que serve essa sociedade horrível?

Então eu observei, indiferente:
“O que eu poderia fazer efetivamente?”

Ali, na calçada, crianças perdiam,
O mais importante da vida, e aprendiam,
Que suas vidas ali, pouco valiam,
Para tantos outros que ali residiam.