sábado, 10 de abril de 2010

Estranho



É estranho se sentir estranho, e ruim se sentir eternamente incomodado.
É estranho se sentir incomodado, e ruim se sentir eternamente estranho. 
Estranho, além de ser o cúmulo da bizarrice bisonha.


Com tamanha evolução tecnológica e intelectual, ainda nos prendemos a pequenas emoções.
Emoções pequenas, pequenas atitudes, pequenas reações e preocupações.
Tudo beira a futilidade extrema, tudo se curva a banalidade dos acasos.
Temos muito no exterior e pouco no interior.


A preocupação maior é o dinheiro, depois coisas pequenas como gastá-lo em dispositivos revolucionários que caibam no bolso.
O coletivo é um acidente, a comunidade é um aglomerado individual em harmonia competitiva, com fome antropofágica.
Esbarramos nos outros como esbarramos em objetos, utilizamos de outrem como se fossem uma ferramenta.

E alguns dias são de chuva,
Todos os dias chovem, mesmo que o dia esteja ensolarado e todas as pessoas estejam rindo.
Todos os dias chovem, mesmo que não caia água do céu.
Todos dias chovem para quem não consegue ver através das nuvens negras que pairam sobre a cabeça.
Todos os dias chovem, para quem não consegue deixar de achar estranho, ser estranho.


É estranho , não achar tudo isso estranho.
É estranho dar-se mais valor a um papel com marca d'agua do que para o que se forma um indíviduo.
Em tanta estranheza, tudo ocorre com naturalidade cristã.

Parece ser difícil ser normal , como toda essa anormalidade.
Parece ser difícil deixar de estranhar tanta coisa torta.
Estranho é ser só mais um estranho...com título de Doutor e capa nas costas.

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