terça-feira, 12 de agosto de 2014

Os Palhaços Estão Mortos.

  

Os palhaços estão morrendo. Estão se matando diante da realidade. Não tem marmelada, não senhor. Não tem goiabada, não senhor. Os circos estão de luto. A comédia definha, as sátiras perderam o sentido. Não existe mais platéia para aplaudir o último ato. O enredo é triste.

Seriam covardes ao se evadirem dessa malfadada vida? Não se permitiram viver um dia a mais nessa realidade (que no final lhes pareceu tão absurda!). Sobraram perguntas e saudades. Velhas piadas recontadas indefinidamente. Repetidamente, até que os seus atos parecem fazer sentido no caos em que deixaram o mundo.

Velhas piadas que custam a perder a graça. Cenas difíceis de acreditar diante depois do luto.
Não há mais alegria, não há mais cantiga com sorrisos quase infantis. O que sobra é um ar pesado, denso como chumbo, pairando sobre as cabeças daqueles que estão incrédulos com os acontecimentos. Acabou a piada.

As piadas seguem sem voz. Porque, aqueles que nos dariam alegria, se cansaram de lutar?
À noite, ao dormir, talvez não tivessem motivo para sorrir. No silêncio que antecede o sono, talvez tivessem mais lágrimas do que motivos para sorrir. (ninguém vê o palhaço chorando.)

Queriam ver o mundo sorrindo. Davam piruetas pelo ar. Cambalhotas para as crianças. Com piadas sarcásticas ou trocadilhos embaixo da manga. Piadas inocentes ou de humor negro. Se dedicando ao público na melhor forma possível. Sentido o ar de riso que precedia a gargalhada.
Mas dessa vez, o mundo venceu. A tristeza venceu a alegria. As piadas perderam a voz. Os palhaços não existem mais. 


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