quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O Sorriso do Idiota

O sorriso do idiota que não suporta mais o lindo amanhecer. Simplesmente se encheu das mentiras. Todas as doces e convenientes mentiras. Da fé, da vida, das ações humanas... Do alicerce da sociedade forjada a base de hipocrisia. Encheu-se como um Zeppelin e sobrevoa a terra com ânsia de vômito.

Não aguenta mais mentir para si mesmo. Seu sorriso estúpido fica travado na face, congelado. Toda a ignorância que lhe sobra, transborda para fora do ser. Como uma privada cheia até a tampa.
Temos as funções sociais para cumprir. Horário para comer. Horário para acordar. Horário par se divertir. Horário para voltar a produzir.

Com pressa, comemos, vivemos e somos entupidos das banalidades e imbecilidades que nos convenceram ser importante pela TV. A humanidade desumana cansa até o monge budista mais otimista sobre a natureza humana. Para se acabar a vida que nem começa de verdade. O simulacro nunca cessa.

A ilusão é completa. As mentiras são absolutas, assim como o fingimento em tentar entender outrem. E o que nos salva? A maravilhosa fé na felicidade. E para quem perde essa fé, existem pílulas que parcelam a felicidade. E existem placebos... E no final tudo parece placebo.



terça-feira, 22 de setembro de 2015

Aqui Esta Sua Pele



Aqui esta sua pele, seu gênero, sua condição social, seu lugar de nascimento, sua época; está feliz com o que obteve? Eis então que existe. 
Tanto quanto os demais. Eis que tu existes! Graças a Allah, Jeová e Oxalá, eis que está aqui nesse momento... E para que? 

Qual a pergunta que se perde? Estamos aqui por um propósito ou somos o que somos por algum motivo? Do nascimento a morte, experiências diversas e qual o papel em nossa vida em um espectro amplo de sociedade? 

Há tantas perguntas que nos incomoda o íntimo que preferimos não nos indagar. A pergunta que deve calar. Respostas mais simples para o dia nascer feliz. Ou o máximo possível desse terno. 
No que compete a felicidade, ela é um dos objetivos máximos da vida e frequentemente é confundindo com toda carga cultural e ideológica.

"Ser feliz é casar e ter filhos"; "Ser feliz é ter o sonhado emprego e uma casa na praia!". 
Às vezes o incômodo não se percebe e o vazio deixado para sempre não se preenche de forma alguma.
O vazio da alma, o vazio da mente, o vazio que é a vida. 

Criaturas lógicas, perdidas em meio ao ilógico e beirando ao surreal. O mundo da voltas incessantes, e sempre voltamos para o lugar inicial. Temos que pagar as contas, criar.os filhos, trabalhar em algo que muitas vezes não queremos e sustentamos esse peso imensurável sobre nossos ombros.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Figura Triste no Canto da Sala



É uma figura triste no canto da sala. Como um quadro empoeirado do que já foi um retrato de família.
Aquele que poderia ser um de nós, não se assemelha mais a ninguém que conheci.
Estranha figura no canto da sala. Fez-me feliz em poucos anos. Triste em minha juventude. 

Amargura em pele e ossos, e a mágoa que parece não sanar. Em que parte nos perdemos?
Em que pedaço da vida ele se foi e nem disse adeus? Agora só as recordações e mistura de raiva com melancolia.

Tudo ruiu para se tornar mais um castelo de areia a beira-mar. Aquela figura de ontem nada se parece com hoje.
Aquele abraço se perdeu no tempo de infância como nunca pude ver novamente. 

As sequelas são sentidas na criação. O mal que cresce em mim é vigiado a cada cápsula.
A ansiedade toma conta de mim. A tristeza se perde em mim. Aquela estranha figura que não conheço mais.
Fez-me tão bem e tão mal em tão pouco tempo. Onde foi que se perdeu? Onde foi que nos perdemos?