domingo, 26 de abril de 2015

Vazio Entre o Espaço



Difícil viver nessa realidade com esse corpo que persiste. 
O horror da vida é um absurdo ilógico quê bate em nossa porta com o dedo em riste. 
Agride nossos sonhos com a dureza de uma realidade triste.
 
De tantos rostos vazios que se vê por ai, 
Parece haver um buraco negro que suga qualquer pensamento. 
Nesse abismo sem fim de futilidade, 
O mundo se contorce de dor em cada encéfalo resignado em juramento.

O universo que encontra vários centros de gravidade em umbigos de jumentos, 
É refém de vazios mais perigosos que um buraco negro no firmamento.
Os vazios que nos tira de órbita e parece ofuscar estrelas com suas querelas.

Vazios que consomem e sugam até a última gota de energia dessas vidas nada belas.
Não há buraco de minhoca que nos dê fuga para fora desses vazios cheios de tristezas,
Que nos remetem as mazelas dentre as favelas. 

sábado, 25 de abril de 2015

Matéria Fecal

Pior que perceber a realidade é viver no mundo dos boçais. Comer, beber, cagar...Tudo se torna mais difícil. O universo poderia desaparecer por um milissegundo para satisfazer uma mórbida curiosidade humana.

O medo da morte não me acometeu. Talvez me sinta atraído por ela. Sedução antiga que fede a carniça. Entre acordar, dormir e fingir a persistência na existência há um rolo de filme inacabado correndo na cabeça;
As lembranças geram tristeza, as dificuldades criam expectativas derrotistas, e as malditas sinapses devem estar com alguma enzima faltando. 


O mundo, imenso mundo imundo. Suga todas as esperanças; Suga a vida e o otimismo dos ufanistas e utópicos. Ah, como eu queria ser utópico. Enganar-me com velhas mentiras, acreditar em velhas teorias. Mas o que me sobra é só o resto de mim, que já fora mastigado, digerido e defecado. Sou o resto da matéria fecal de mim  mesmo. Desconstruído e desacreditado pelo meu próprio eu. O contrário do Ubermensch.

Invertido, distraído e fraco. Fraco, que não aguenta um peido da realidade. Desgastado feito metal de sacrifício da pilha de Daniell, sendo corroído, reduzido pelo tempo. O que sobra de ti pobre mortal? Que Deus lhe dará guarita e confiança no futuro? Que sobra de ti matéria fecal, além de ser o adubo final de plantas tóxicas?!

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Sistema Herdado

Construiram ídolos e modelos para seguir e idolatrar. Marcaram como deve ser o dia e como deve acabar. Como viver, onde e o que fazer para se adaptar. Estamos correndo uns contra o outro, digladiando em bigas com machados e espadas;
Antigamente o inimigo era claro, óbvio. O "infiel". Os "traidores" da causa. Os "racistas reacionários". A pobreza de capital e a miséria. Os nazistas. Os racistas reacionários novamente. Os comunistas. O outro. Eu!
Hoje não se tem a noção mágica de quem é o inimigo declarado. Não há "preto no branco". Tudo é cinza. Os heróis só existem nos contos de fadas.
Não há guerras para evidenciar o inimigo autuando. Só existem as guerras secretas com genocídios silenciosos. 

Os negros magros e feridos pelas mazelas históricas de outras histórias ( que nunca são noticiadas a tempo). Existem milhões de cúmplices, e milhões de vitimas. Quem é mais culpado? Aquele que aperta o gatilho, o que fornece a arma a crianças, ou aquele que lucra com todo o espectro da miséria?!

Difícil imaginar que existam "sistemas" e formas de subsistência que perpetuam essas ideologias. Sistemas desde a era paleolítica, passando pelos faraós, imperadores, reis absolutistas, parlamentos, até os mainframes de bancos intercontinentais. Sistema que flui como o dinheiro digital e que antes era apenas papel ou palavras e números escritos com valor conotativo e transcendental.

Do lado de cá, que não esta tão ruim como "lá", apenas a servidão voluntária toma conta. O consumo surreal tragado garganta abaixo.
E o inimigo, quem é? Quem criou as regras e os costumes? Quem sustenta os ídolos e os modelos?

Parece ser invisível, infalível e eterno. Suas ordens perpetuam nas cabeças de pais a filhos. Aprendemos desde a criação da roda a separar os átomos, e ainda precisamos aprender muito mais. Descobrir os homens por trás das cortinas. Aqueles que usam a voz do "Grande OZ", que sangram e vivem, mas estão além. Daqueles que puxam as cordas das marionetes;

De cima abaixo, escorre as tradições e as ideias que corroem até o mais esquecido barraco da favela, esquecido em cima de palafitas, sobre o mangue poluído com dejetos humanos e industriais.

A pobreza que mais preocupa não é tão forte quanto a mental. A pobreza de espírito. A pobreza de ser; Em algum momento entre a evolução dos hominídeos e a seleção natural, deu merda. Deu pane no sistema e não se pode acreditar que o ser humano que se vê hoje é o que melhor se adaptou ao mundo. Ou fez do mundo seu refém até ser morto pelo último em legítima defesa;

terça-feira, 21 de abril de 2015

A Morte Do Eu-Lírico

Estava ele, estatelado no chão. Não caiu de nenhum prédio em construção.
Não era ave, fingindo ser príncipe que descansava enquanto comia feijão.
Nem morreu atrapalhando o tráfego na contramão.

Morta estava à esperança, daquele que não poderia mais chorar sua lamentação.
Para que ser então, pequeno sartriano? No peito pensava sobre si em eterna divagação. 
Morte daquele que nunca viveu; fora assassinado por si no momento de sua maior decepção. 
Não foi morte de bala, facada ou afogamento. Foi morte por desistência de tanto aborrecimento. 
Queria lobotomia, ou ter o gosto por toda a bebida, para se embriagar sem ter nenhum refinamento. Não teria pó no mundo ou droga alguma suficiente para alienar o mundo de seu entendimento. 

Suicídio orquestrado pela incapacidade de se argumentar com a realidade desse corpóreo confinamento.
Antes de tentar de todas as formas não sucumbir à tragédia, lutou contra o vazio e foi enfim vencido sem constrangimento. 

Consciência que se pesa, desarmado e cansado, por tamanho sofrimento. 
"-Porque ter o suplício da vida?" Perguntou sem resposta, a essa questão que lhe dava constrangimento.
"Grande existência, soberba em sua excelência, qual peso tenho para você nesse universo infinito, onde egos já não cabem sem redimensionamento?"
 Era só mais um dia, mais uma vida, mais uma eternidade que se aguentava por poucos sorrisos e amargo sentimento. 

 O eu - lírico morreu, de morte morrida, morte matada, morte ensaiada.
 Deixou um corpo em pé, como testemunha, de tamanha brutalidade que lhe fora causada.
 A voz que tanto ouvira como a consciência tinha se emudecido de forma abrupta, que lhe deixou sua feição feito palavra muda. 

Não há voz para interceder. Que cala a dor em seu peito sem mesmo se perceber.
Morto, sempre esteve! Andando entre os vivos sem mesmo se reconhecer. 
Morto, não havia mais pensamentos, idéias vazias: era agora só mais um do rebanho. 
Sem propósito, determinação e sem mais a sensação que era um erro existencial medonho.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Vida Liquida

O tempo escorre por entre os dedos. Amizades são flexíveis, quase dispensadas em laços fragmentados. Tudo é feito para o consumo. Consome-se e some-se. Fume ou seja torrado como fumo. Tenha prumo!
Bebe-se até a alma, de cachaça em cachaça, a cirrose nossa de cada vida. Só Badtrip para toda página virada.


Para se superar a vida como em levels de games, não tem princesa para resgatar e não há cogumelos para crescer. Há repentistas pelo caminho contando as desgraças com que tiveram que viver.
Um novo vício para se perturbar, uma nova corda para se enforcar. Para cada gole de dialética existe uma cápsula de anti-monotonia para se tragar.


Desespero mudo e tranquilo com cara de bolacha. Fecha os olhos com tanta força que espera que não precise mais ver novamente sua face medonha.
A solução não vem na prece da noite. Não vem pelo anjo, consternado com a sua própria inexistência que lhe acerta feito açoite;


E amanhã, será um novo dia: Das mesmas angústias e torturas mentais que viu no dia anterior. E o sol, que nasce para todos; mas para uns parece queimar o miolo enquanto noutro doura a pele como se fosse destino nascer superior.
Vivendo o tempo que se escorre. Liquido, logo se vaporiza, deixando lembranças e feridas em seu interior.


"Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar" - Bauman

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A Paixão Não Sabe Esperar

A paixão não sabe esperar. O amor se perde pelos caminhos da pressa. Cobra só o esquecimento e nomes perdidos. Ou o mundo esta do avesso, ou nasci de forma errada. 

Esquece os sonhos, corre atrás do que é mais fácil. Liga para o mundo e avisa que ele venceu. Diz para ele (mundo), que você desiste da loucura de tentar entender. 

O mundo não foi feito de lógica. É errado tentar entender. O mundo não foi feito para você. O lugar, o dia, a hora, a pele que pertence: tudo isso é um acidente de percurso com uma estranha noção de destino. 


Que loucura essa de perseguir nuvens? Que loucura essa de rir de si mesmo? O mundo é do avesso para você. Sai e entre novamente para ver se entende o complexo funcionamento das engrenagens. 

Por mais difícil que seja, porque busca um pedaço de utopia, encharcada de sangue e tortura? Joga fora esses ideais que não servem mais para nada. Esse pedaço de utopia deve ser queimado em chamas infernais para nunca mais ressurgir.

Se nada é por acaso, com certeza sua vida foi. Há apenas “achismo”. Mas o amor, Ah! Esse não pode esperar. Clama por urgência mais que uma vez.
O negócio mais claro que não conseguiu entender; nasça, cresça, case e depois de algum tempo morra. Nesse ínterim o que vier é novidade. 

Não há razão para nada. Descanse a cabeça, deixe de lado todos os conceitos, desista de quem já foi. Reinicie todo o sistema. Veja a vida como ela é!
Ordinariamente comum. Faça uma lobotomia se precisar. Ame como se fosse um cão no cio. Pois o amor, esse e outros grandes amores, mesmo sem te conhecer a fundo e saber realmente quem é você; não pode esperar! 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Solução Em Goles

Em cada esquina, um bar com a solução engarrafada.
Para todos os problemas bebida para tragar a loucura do dia que se finda. 

Para as situações insalubres, para as loucuras da vida,
Só a bebida que se resolve, solução em goles, para a criatura enfadada.
Dormir até a noite, e quando chegar a noite, levanta como um morto-vivo que sai da sarcófago.
Ver como o mundo continua um absurdo e que está indo direto para o precipício como se estivesse tudo fodido e mal pago.

A loucura toma conta da vontade. A tristeza toma conta da vida. Se pudesse beber para esquecer, dormiria dentro de uma caixa d'água cheia de pinga.
Quando tudo parece errado, a vida demora a passar pela vitrine. Admiramos a paisagem, mas no indagamos o quanto ainda resta de viagem ou se vai aparecer o verdadeiro vilão da história como o Coringa. 

Tudo não passa de uma viagem. Captações de sinais elétricos no cérebro que transforma tudo que existe no que conhecemos como a realidade.
Somos quasímodos com a ideia do duplipensar, vivendo uma vida de paradoxo e hipocrisia. Buscamos a lógica em tudo, como se fossemos tão lógicos ou falássemos a verdade.