terça-feira, 24 de março de 2015

Sem + Soma +

Disseram que a vida não é justa. Compreendi. Mas precisava ser tão hedionda? O que há de errado com a realidade que é tão torta em nossas cabeças?!

"Há mais entre o céu e a terra que sonha nossa vã filosofia". Entendi perfeitamente. Mas muitos afirmam saber exatamente tudo que condiz entre os extremos e não admitem sua absurda incapacidade de perceber sua existência paradoxal. 

 "A vida é uma escola". E meu aprendizado é eterno... Ainda sim, ei de desafiar a lógica, já que percebi que não há lógica que salve nossas vidas. Esperava que a poesia salvasse. Que os versos ou a prosa tirassem toda a desgraça da vida. Que a distopia se transmutasse em utopia.
Que os contos e os cronistas pudessem dar a moral no final de cada dia. Esperava que as ideologias fossem mais humanas, e que ideias refletissem para a humanidade. Só sobrou a hipocrisia mascarada, por trás de papéis em cenas falsas, mais falsas que a nota de 3 reais. 

 Não há mais "soma" para nos satisfazer em nossa alienação como em se descobríssemos um admirável mundo novo. Há a tristeza em forma gasosa, que entra em nossa artérias e absorvido em nosso sangue. Como se tomasse pílulas de tristeza.

sábado, 14 de março de 2015

Tragicamente Sincero (Causa Mortis)

Tragicamente sincero. Em certo ponto não interessa mais mentir. (Nem para salvar sentimentos alheios ao seu). Notoriamente frio, parecia um iceberg. Sentimentos morrem e apodrecem sobre essa crosta que parece sua imagem. O cheiro pútrido não se fazsentir, pois um sorriso amarelo disfarça qualquer sensatez ou culpa.


O Sentimento está morto. É preciso ser um andróide ou ter uma alma desalmada. Ser provido de um coração gélido que faria pingüim sentir frio e pegar gripe aviária. Um andróide sem sentimentos programado para sorrir quando outros o fazem capaz de chorar quando programado.

Não é preciso muito para fazê-lo chorar realmente; é só mostrar o mundo como ele realmente é. Um mundo doente cheio de pessoas doentes se contaminando de loucura e outras coisas mais que matam o corpo hospedeiro. 

Foi frio, como se recém-chegado da Finlândia. Ser um iceberg que anda, fala e gesticula. Se fingir entre os semelhantes que nada se assemelham cá dentro. O amor acabou de acabar. Mataram-no há alguns anos e nunca avisaram. Morreu de desgosto. Morreu de fome como tantos que faleceram por ai. Morreu de morte morrida ou morte matada?

Causa mortis é uma incógnita. Ainda sim, ficou o corpo, exposto ao mundo, andando e falando atipicamente. Um zumbi estranho que tenta se misturar ao povo vivo. Tudo que passa deixa uma seqüela pós-morte.

terça-feira, 3 de março de 2015

Hoje Eu Acordei Atônito

Hoje acordei atônito. Pensando na infinidade do universo, nas limitações humanas e em todas as formas de poder que corrompem: desde a motivação de um ditador do continente africano que é amparado por petrolíferas e mineradoras, que compra armas a 70 mil dólares para dar a pré-adolescentes e fomenta chacinas locais e controle de medo...
Até as doces ilusões que fazemos questão de aceitar. Todas as ilusões confortáveis e a mentiras que adoramos ouvir para prosseguir contentes e confiantes no futuro de nossa realidade. As sensações e sinapses que tenta nos enganar minuto a minuto.
Hoje acordei atônito, pensando no sistema que estamos inseridos e coagidos a sermos como querem que sejamos. Da cultura passada de pais a filhos e por difusão facilitada pelas tv´s idiotizantes, das religiões que criam nossos dogmas e medos das perguntas que não sabemos (e muitas vezes, nem queremos responder) de todo contexto físico e social que retrata nossa concepção de mundo e nos excluí de espaços de forma financeira e até física. Constatamos que o absurdo é crível, respeitado e natural.

Tenho medo do amanhã. Eterno amanhã. Medo do futuro. Presente de um futuro esquecido.
Quando escreveram o script da vida, acabei lendo e não entendendo. Estudar, se formar, trabalhar, formar família e ser feliz. Acho que esse era o esboço, mas quando estava ensaiando não entendi. Ficou superficial demais. Sem sentido e nonsense. Há algo de errado em minha interpretação.

Quando Newton descobriu a gravidade, queria que cobrisse novamente. Só para saber se é ela essa força enorme que esta sobre mim. Não é nenhuma rocha que eu carrego; nem chapéu ou boné apertado sobre a cabeça. Parece ser um peso invisível. Metido a Atlas pós-moderno, vive o complexo de herói incompreendido. Hoje acordei atônito, quase imperceptível saber se estou mesmo acordado. Acordei atônito e hesito em dormir. Dormir para ter que sempre acordar mais um vez; Atônito.