domingo, 25 de maio de 2014

Sociedade do Absurdo.



Sociedade do absurdo, sabe individualmente o que quer para si, mas contesta o que lhe serve de forma coletiva. Sociedade do absurdo, onde a diferença é celebrada, e quem possuí mais é chamado de vencedor, invejado pelo seu status. Espera-se o sucesso não importa a custa de quem e de que forma. 

Absurdo é o que constatamos como normal, apesar de ser obviamente um ultraje a dignidade humana. Absurdo é tentar defender o indefensável, pois assim é mais fácil não pensar na passividade que toma o coletivo. Se pensar na consciência, ela deve pesar toneladas. Mais que toneladas, deve pesar mais que qualquer força da gravidade. 

Deve ser mais forte que a força que um buraco negro suga a luz. A consciência deve pesar o peso do mundo, mas ninguém se importa com ela. A consciência quase se colapsa dentro de si criando sua própria supernova, mas o absurdo que toma conta de todos é maior que o brilho dessa supernova. Não há clarão que persista perante ao absurdo.

 O absurdo parece um monstro que se cria e devora tudo ao se alcance e nada resiste a sua voracidade. A sociedade do absurdo vive para alimentar esse monstro. Vive para deixar sua consciência que pesa mais que todas as luas e estrelas, se afundar em seu próprio peso. 

A sociedade do absurdo não reflete, pois sua imagem remete ao vampiro de Bram Stoker, mas sem Van Helsing ou qualquer outro herói para empalá-lo no coração. Suga toda a vida que o contorna, e seu absurdo é viver em meio ao caos, se admirar com tamanha destruição moral e ainda relutar em agir. 

 A sociedade do absurdo está viva, e ri de si mesma. Ri, engolindo o próprio choro, pois sua consciência que jaz em uma lápide em seu encéfalo, ainda pesa, mesmo que morta, toneladas e mais toneladas que incomodam seu jeito simples e maniqueísta de ver o mundo. A sociedade do absurdo não entende. Não entende a si mesmo. Não entende o caos em que vive. Não entende nada.



quarta-feira, 21 de maio de 2014

Refém do Crime


Vivemos na concepção do bem e das posses. Possuir para ser feliz, ter em primeiro lugar. Consumir para viver, viver para consumir. Nossa cultura nos diz que devemos fazer desde crianças gritando pelas TV e passado de pai para filho.

Nesse ínterim há aspectos sociais que são esquecidos ou simplesmente jogados para debaixo do tapete. Tratado como um assunto de pouca importância tem-se de fato o “marginal”, criado pela força maior do pensamento social. Viver a margem de toda a pureza e simplicidade que se espera em possuir e ter, trabalhar e saciar suas vontades consumindo tudo que se vende.

No estereótipo do vencedor, a maioria não chega a esse sucesso alarmado, e que nunca é alcançado.
Por fora dessa linha reta, existem os desajustados, que vivem a margem dessa história, formando verdadeiros párias que ora, vivem por migalhas perambulando pelas ruas, e sendo obviamente ignorados (talvez, por representar a imagem da falha sistemática de que vivemos), demonstrando nossa frieza perante o absurdo, ou se tornando párias ativos, contra a força sistemática de ordem que prevalece.

Ao procurar a violência, esses agentes do caos, que vivem da falha sistemática, querem o que o mítico reflexo do sucesso possui... Carros, roupas, bens de valores, e com isso, manter um ilusório “status quo” perante seus próximos. Ao procurar a violência, falham em seu imediatismo e hedonismo exacerbado. Cometem crimes, que ferem a constituição e a ordem em nome de seu sucesso imediato e suas vontades.

O perigo vem armado! Mas existem diferenças entre esses agressores. O que fundamenta um ser a usar uma arma que vendida no mercado negro gira em torno de 3 mil reais ( sem contar as balas!),  e a procurar agir contra o sistema, sem medo de ser preso ou ser morto em um possível revide? Existem aqueles que estão entorpecidos pelas drogas e não enxergam os erros claros de suas ações, e seus atos estão a muito condenados pelos efeitos nocivos da droga no cérebro. 

Também aqueles conhecidos como “Embalo”, que vão por conta de suas amizades, e acaba se tornando vitima de suas próprias ações errôneas. Não se devem esquecer aqueles que possuem dívida ativa com o crime, com alguma facção e tem que pagar sua “mensalidade” a todo custo, forçando a roubar e cometer homicídio para sanar sua dívida.

Mas o que faz uma pessoa a procurar a “vida fácil”, alugar ou roubar uma arma, para tentar um latrocínio? Se alugar, com certeza o dono irá à busca de retorno do investimento. Se roubar, terá que raspar a identificação e o que motiva a tentar um assalto contra uma pessoa. O que motiva tais atos? Raiva? Drogas? Ódio a ostentação?

Há quem acha que deva "vencer na vida", como se fosse um eterno campeonato. Que ter posses é vencer, como se tornasse em alguém melhor possuindo bens... Não é melhor, nem pior: Só pobre de espírito. E se o objetivo é "vencer a todo custo", então, imagine que a partir dessa premissa, esteja eternamente fadado a perder. Mesmo aqueles que gostam de esfregar na cara de outrem sua ascensão social, não são motivo de latrocínio.

O que faz um ser humano a ir tão fundo em seu submundo e se perder em troca de tão pouco?