sexta-feira, 31 de maio de 2013

Massa de Manobra.


Vivemos entre a escolha da subsistência e do consumismo infindável. Entre os prazeres da carne e a semiliberdade do individuo. Somos seduzidos pela fragilidade do ego, e o que achamos que seja uma necessidade. A sedução nos torna subserviente, com medo do desemprego e de nos tornamos vítima de um sistema que se movimenta como uma máquina, que tem como combustível  moer nossa carne ( e dilacerar nossa alma). Somos uma massa.


Massa que se amontoa na porta do inferno. Um indivíduo único pode ser inteligente, mas amontoado em montes se torna mais um na massa de manobra. O instinto é primitivo, a inteligência se subtrai pelas necessidades imediatas em meio a tantos outros semelhantes, e é nesse momento que o ser humano se parece mais com os animais que ele tanta referencia ser superior.

Nós, criaturas nos amontoamos como se fossemos gado, de forma quase irracional, de forma quase automática, de qualquer forma. De nada lembramos indivíduos com autonomia de vontades; somos apenas membros de um grupo maior que precisa se saciar imediatamente. Talvez seja por isso que as empresas multinacionais, governantes e a mídia se espelham em um alvo idiotizado: Seu espectro de ataque é o comboio, é o gado, somos nós; as pessoas em seu mutirão diário de desespero.

Quando em massa, nos tratamos de forma primitiva, regredimos a um estágio anterior a civilização, nos tornamos menos racionais. Nos exaltamos por sermos conscientes, criadores de navios, prédio e a bomba nuclear, mas nos remetemos a condição de gado de corte, e os mais refinados se tornam gado de leilão. A carne é fraca e vendida eventualmente a preço de banana.

No mercado a carne é vendida abaixo de tabela, o corpo é comercializado abaixo do que merece, pois em algum momento, o corpo se ausenta de ter mente, é apenas parte do coletivo absurdo. O coletivo caótico que vive em conjunto, e cresce em volume de forma catastrófica, matando o corpo como um câncer. Somos uma massa, que vive de forma desordenada, que acredita que a sociedade funciona de alguma forma no meio do caos, mas dificilmente percebemos que esse sistema funciona apenas para nos deixar em situação servil, obediente e funcional. Prontos para ser abatidos quando for preciso e necessário.

sábado, 25 de maio de 2013

Divisão Politica-Social do Brasil.


A politica brasileira esta dividia em: 
ser populista ou ser elitista.  Já se tornou uma ditadura nessas duas frentes e a cada qual com suas vantagens.

Pode-se agradar os pobres e angariar votos sendo populista, fazendo reformas de fachada e dando migalhas e ate criando alguns direitos trabalhistas. Ainda sim, serve a elite em pontos chaves, podendo assim continuar as suas empreitadas habituais. Com o advento da internet, a classe média, mais do que nunca se indigna com esse tipo de politica. Mas engole!

Em contrapartida, pode-ser ser neoliberal de direita, agradar a elite e fazer todos os seus desmandos. Por ventura a classe média que sempre está no meio e raramente é atendida, também reclama, mas com intensidade menor, pois está condicionada a ver a politica dessa forma, e agradece os bilhões que os patrões de seus patrões estão ganhando.

De teoria de Gunnar Myrdal a prática de Olof Palme, o exemplo quase utópico do bem-estar social sueco é reverenciado, mas nunca copiado,  e por muitas vezes atacado por aqueles que desejam ver a economia “expandir” (até que exploda). 

No Brasil ainda sonham com uma politica com a sabedoria de Minerva, amplamente imparcial e que invista na educação, saúde e que atenda a todas as frentes da mesma forma. Será referência global e na história da humanidade. Só depende de determinadas espécies humanas no poder, abdicarem da sua arrogância e ganancia, sua busca eterna pelo conforto e banalidades. Será fácil...

terça-feira, 21 de maio de 2013

Bolsa-esmola e o Complexo de Vira-latas.





"Boato sobre fim do Bolsa Família leva multidão a lotéricas”


A luta ideológicas de classe voltou com carga total, um rumor, um furor, quebradeira, insultos. Aqueles que esbanjam os R$ 306,00 para alimentar 5 dependentes ( e comprar talvez futilidades), contra aqueles que esbravejam sobre pão e circo do governo, compra de votos, ou o melhor “o governo tem que criar emprego para esses vagabundos”. Ideais, de idiotas que combatem outros idiotas. 
Em meio a crise externa europeia e norte-americana, o país se mantém estável, apesar das brigas partidárias e de no final ser escolher o mal ou o “pior de todos”, tudo se resume a pequenas vitórias, quando se trata de “farinha do mesmo saco”.
Como a esmola que dê para comprar um pão com manteiga, e um café com leite, tudo se resume a pequenas vitórias.
Enquanto o Estado de bem-estar social , foi orgulho e vitória de países como Noruega e Suécia, algo imitado porcamente, mas que enfim, reflete um pouco do que deveria ser no Brasil, o ideal recai sobre o país, em forma de protesto. O elitismo quer mais força de trabalho, a cana não se mói sozinha.

Discursos utópicos sobre educação, em um país reincidente em corrupção, que ainda assim, é um dos mais ricos do mundo a algumas décadas, mantem acima de tudo ricos milionários, bilionários e parlamentares (81 que  tem um custo de R$ 135,8 milhões anuais), e a culpa se recaí sempre do lado mais fraco, os menos cultos, aqueles desprovidos de educação ou apenas de perspectiva de melhora. É bem mais fácil bater do lado mais ignorante e fraco. Não se questionam sobre os desmandos de prefeitos, o maquinário de cabides de emprego e negociatas que rompem com o principio de licitações.
Mas o conceito de “Bolsa-família” ou Bolsa-esmola é o que agride mais a visão.

O modelo ideológico brasileiro, é importado, clonado e não-aperfeiçoado. Pegaram um pouco do conceito Calvinista anglo-saxão, com o melhor que perpetuou dos ideias escravocratas de um país que se tornou o último a partir os grilhões da escravidão. 
O conceito de emprego e omissão ao patrão pela esmola mensal é levado a extrema obediência. Questionar sobre o que está pronto e definido é demais, não importa se é certo ou errado, ou se o conceito empregado esta defasado 59 anos. Bater o ponto e não reclamar. 

Direitos de um presidente populista da década de 30, é o que garante o sorriso amarelo de milhões de trabalhadores atualmente. Tragar a dor e engolir a labuta, e agradecer o sonho de consumo que se repete com um ciclo: carro novo (financiado), tentativa de compra de casa própria (impulsionada pela especulação de construtoras milionárias), e todos os pequenos sabores que podemos aproveitar.Ninguém percebe que a manipulação é irrestrita e independe de bolsa-família, ou  redução de IPI para compra de carro novo para a nova classe média.
Mas o que mais incomoda é um fato estranho, independe de teorias de controle estatal ou da perfeição do estado (que sempre será imperfeito)...

Se uma pessoa ganha R$ 306,00 por mês para morar na favela, porque isso incomoda? Morar na favela, uma situação sem muita escolha devido aos altos preços dos imóveis nos grandes centros, não deixa muitos revoltados, nem mesmo a ausência de vagas em faculdade pública a pessoas com poucas posses já que a legislação garante que “aqueles mais preparados, usufruem de curso gratuito”. O pobre será o vira-lata, se olhara como vira-lata e será tratado como vira-lata, por aqueles que possuem uma situação social melhor, assim como seus semelhantes em agouro também farão. ( Não se incomodam tanto com o gasto anual dos parlamentares)

domingo, 5 de maio de 2013

O TRABALHO E A CRIAÇÃO.


texto retirado do blog : http://www.maurosantayana.com/



(HD)-Agostinho da Silva foi adversário de Salazar em tudo: como filósofo, desmentiu o ditador, que afirmava não ser a sua raça (e a nossa) incapaz de abstrações filosóficas. É desse pensador, que passou grande parte de sua vida no Brasil como exilado político, a idéia de que o homem não nasceu para trabalhar, e, sim, para criar. Não é por acaso que o vocábulo “trabalho” vem do latim “tripalium”, que era um instrumento de tortura na Antiguidade.

Os artesãos não “trabalham”, uma vez que criam suas peças; a elas, sem que percam o fim útil a que se destinam, acrescentam alguma coisa de si mesmos, do seu engenho e do seu sentido estético. Assim, são “obras de arte”.
No mundo industrial de nossos dias já não existem artesãos, a não ser os que, por decisão própria, vivem à margem do sistema, embora por ele sejam também explorados. Os desenhistas industriais podem criar, mas o seu trabalho está sempre submetido às razões do mercado, o que lhes retira a liberdade. Só dele conseguem escapar plenamente os artistas, em estrito senso, quando não se deixam levar pela ambição do dinheiro.

 Ao fazer a crítica do sistema industrial moderno, Marx acertou no centro do alvo, ao afirmar que o trabalhador de nosso tempo se transformou em “complemento vivo de um organismo morto”. Os trabalhadores são obrigados a acompanhar o ritmo das máquinas; não podem sujeitá-las às exigências de sua atenção e de seus músculos.

Em Tempos Modernos, Charles Chaplin, com seu talento, conseguiu dar à idéia de Marx as belas imagens que mostram a servidão do operário à máquina e, por extensão, às engrenagens do capitalismo.

Quando os tecelões ingleses se revoltaram no fim do século 18, aparentemente sob a liderança de Ned Ludd, contra os teares a vapor, não manifestavam apenas seu mal-estar com o desemprego que a força motriz provocava: rebelavam-se pelo fato de que a nova máquina lhes exigia atenção máxima e repetição exaustiva do movimento de corrigir as falhas da tecelagem, no parar e reiniciar das operações.

O homem não nasceu para trabalhar, mas deve ser produtor, a fim de se afastar das duras condições da natureza bruta. O ato de produzir – e podemos pensar no coletor, no caçador e no agricultor em sua situação clássica – não é alienante em si mesmo. Exige destreza, atenção e criatividade. Mas, nos dias de hoje, sobram poucos agricultores livres. Ao chegar ao campo, o capitalismo aposentou os lavradores e criou um operariado rural para manobrar as grandes máquinas que preparam o solo, plantam e colhem.

Essas novas realidades estão minguando o espírito de luta dos trabalhadores. O dia primeiro de maio lembra a sua dura resistência contra a brutalidade do liberalismo dos séculos 18 e 19.
A ordem de domínio neoliberal de nossos dias transformou-o em dia de festas e piquenique.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Uma Visão sobre a Miséria.


“Todos tem a mesma chance de alcançar o sucesso”, “O sol nasce para todos, só não enxerga quem não quer”, “O sucesso no trabalho e a consequente riqueza poderá ser um dos sinais de que está entre os escolhidos de Deus”. ( Como diria João Calvino, que revolucionou a ideologia burguesa)

Existem diversos ditados, diversas ideologias difundidas pelo tempo em que exemplifica que a justiça divina recompensa àquele que trabalha mais com riqueza. Aquele que for “melhor” será o mais rico. A riqueza é uma recompensa, um prêmio, com conceito de meritocracia.

A pobreza existe às vezes como arma ideológica. Em certos países, a pobreza é fruto da riqueza, onde recursos naturais e corrupção geram a ruína econômica e ainda sim privilegia alguns poucos, tornando-os ricos em terras de esfomeados.

As favelas persistem desde o século passado, e se mantém afastadas dos centros física e psicologicamente. O pobre de fato, é tratado como um “gado”, quase uma forma de vida subdesenvolvida, que existe para determinado fim (consumir) e já ganhou até apelidos como “proletariado”, pois criaria uma “prole” que viria a ser uma nova engrenagem no maquinário existente.

Existe uma admiração pelo cidadão bilionário, uma admiração que beira a inveja. Na verdade, o “mais rico” é visto como sonho de consumo, um ideal a ser alcançado; Sucesso legitimo de quem chegou “lá” por suas próprias pernas e qualquer um pode chegar lá!

Na verdade, a pobreza (para quem defende o sucesso de alguns países diante de crises pós-guerra da Europa ocidental), vem de suas pessoas, e nada tem a ver com a intervenção do estado junto com multinacionais que exploram o meio em que estes vivem. 

Em primeiro lugar o desrespeito e a visão diferenciada daquelas pessoas que se acham melhores e quem por direito devem estar em tal status social, é a pedra fundamental da exploração. Se houvesse a inversão de papéis daqueles que se acham diferentes, talvez mudassem de ideia.

A extrema esquerda com seu autoritarismo mata as claras, dissemina ódio e controle estatal. A extrema direita mata as escuras, de fome, cria abismos culturais e sociais, com alusão a liberdade e livre comércio. Mas a concorrência segue desleal, e a ajuda estatal vem a cavalo quando o lucro cai em alguns países filiais. Bancos galopam a lucros históricos batendo recordes enquanto países de 1º mundo enfrentam crises colossais por meses ou anos. 

A pobreza é argumentada em dados, estatística e dificilmente se entra em méritos nos detalhes que poucos querem ver: 
"Quem se importa com uma criança negra, com doença, na África sub-saariana?" Quem se importa com um nordestino que vive na seca sem perspectiva alguma no Agreste? Quem ao menos imagina que um morador de favela do extremo sul da cidade de São Paulo (a mais rica do Brasil), possa ser útil a sociedade de forma direta?

 Os sentimentos influem na pior maneira em análises sobre a solução de problemas básicos que concernem a miséria. Foi o preconceito que fundamentou a escravidão, e posteriormente, cuidou de criar as diferenciações sociais, como uma parede invisível em diversas sociedades, e essa parede que se posta como  um muro maior que a muralha da China, em frente a pessoas e grupos sociais.